sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Deus, que se fez menino

“Mas o anjo lhe disse: “Não tenha medo, Maria; você foi agraciada por Deus! Você ficará grávida e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo. O Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi, e ele reinará para sempre sobre o povo de Jacó; seu Reino jamais terá fim”. Perguntou Maria ao anjo: “Como acontecerá isso se sou virgem? O anjo respondeu: “O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Altíssimo a cobrirá com a sua sombra. Assim, aquele que nascer será chamado Santo, Filho de Deus.”” Lucas 1: 30-35
“Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós. Vimos a sua glória, glória como do Unigênito vindo do Pai, cheio de graça e de verdade. (...). Ninguém jamais viu a Deus, mas o Deus Unigênito, que está junto do Pai, o tornou conhecido”. João 1: 14, 18
É muito comum, especialmente nesta época de final de ano, as pessoas se referirem a Jesus como o menino Deus. Da mesma forma, é muito comum ver os cristãos evangélicos criticarem o uso desta expressão. Na visão de muitos de nós, essa expressão menospreza ou limita o Cristo de Deus, que viveu seu ministério, e que morreu e ressuscitou já como um homem adulto. Porém, não se pode negar que embora ele nunca tenha deixado de ser como uma criança, o adulto Jesus, que também era Deus, foi, pelo amor do Pai, o menino Jesus. Deus, que se fez menino.
Essa forma de Deus se manifestar a nós é de uma riqueza inestimável. Jesus efetivamente viveu como criança. Mesmo quando se tornou adulto. E nos alertou de que fizéssemos o mesmo. Certo dia, os discípulos se acharam discutindo sobre quem era o maior no Reino de Deus. Jesus, em Mateus 18, “chamando uma criança, colocou-a no meio deles, e disse: “Eu lhes asseguro que, a menos que vocês se convertam e se tornem como crianças, jamais entraram no Reino dos céus”.” O Reino era chegado em Jesus, e embora o Reino de Deus esteja sobre tudo e todos, somente os que se convertessem, assim como o é hoje, a uma vida de criança, poderiam ser servos dele. O adulto é crescido, é entendido, é suficientemente experimentado, tem seus direitos adquiridos para ir e vir. A criança, por mais crescido que seja, tem sempre mais o que crescer, é um eterno aprendiz da vida, nunca é experimentada o suficiente, e seu grande privilégio é sua eterna dependência dos cuidados e da direção do maravilhoso Pai de amor, e de seus irmãos.
“Portando, quem se faz humilde como essa criança, este é o maior do Reino dos céus”. Mt 18. 4
Penso que esse deva ser o nosso grande desafio diário... e em qualquer época do ano... descobrir, redescobrir, aprender, reaprender, dia a dia, a ser humilde. Penso que essa foi a grande lição do menino Jesus. De Deus, que se fez menino. Deus, que se limitou, se contendo em forma de um menino. Deus, que se humilhou a si mesmo. E com um único objetivo, como se vê em Mateus 20:28:
“como o Filho do homem que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”.
Apenas na humildade se acha o amor não fingido, não interesseiro. A disposição de aprender, ainda que já seja um professor. A inclinação para perdoar, parar liberar em amor, ou acolher sem reservas. Apenas na humildade pode-se ser como o Cristo de Deus foi... e apenas assim, o mundo pode ver sua luz brilhar por meio de nós.
Se alguém quiser ser o primeiro, será o último, e servo de todos”. Marcos 9:35

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Perto está o Senhor

“Portanto, meus amados e saudosos irmãos, minha alegria e coroa, permaneçam assim firmes no Senhor, amados. O que rogo a Evódia, e a Síntique, é que vivam em harmonia no Senhor. E peço-te também a ti, meu verdadeiro companheiro, que ajudes essas mulheres que trabalharam comigo no evangelho, e com Clemente, e com os outros cooperadores, cujos nomes estão no livro da vida. Alegrem-se sempre no Senhor. Novamente direi: Alegrem-se! Seja a amabilidade de vocês conhecida por todos. Perto está o Senhor. Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus. Finalmente, irmãos, tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas. Ponham em prática tudo o que vocês aprenderam, receberam, e ouviram e viram em mim. E o Deus da paz estará com vocês.” Filipenses 4:1-9

Na sua carta aos irmãos da cidade de Filipos, próximo das considerações finais, Paulo faz menção de um foco de divisão ou rivalidade na igreja. Ele pedi encarecidamente à Evódia e a Síntique, duas missionárias que o havia ajudado anteriormente, que procurassem viver harmoniosamente, e dá a receita.
Os cristãos da primeira Igreja vivam na iminência da volta de Jesus. Eles criam que Jesus voltaria há qualquer momento. Por isso mesmo, eles eram tão desapegados dos bens materiais, tão solidários para com os próximos, fossem eles da fé ou não. Eles tinham seus olhos voltados pro cumprimento da promessa mais significativa para os da caminhada. A promessa do retorno do Senhor para encontrar-se com sua Igreja. Às irmãs conflitantes, e aos demais irmãos de Filipos, Paulo lembrava: “Perto está o Senhor. Alegrem-se. Sejam amáveis. Nada pode ser mais importante pra vocês, do que essa esperança”. A verdade, é que na caminhada, nós nos embaraçamos com as coisas desta vida com uma facilidade extraordinária! E o pior de tudo, é que na maioria das vezes, nos embaraçamos com as coisas desta vida, com a intenção, exatamente, de alcançarmos as coisas da outra vida. Essas irmãs eram diligentes quanto ao serviço do Senhor. E ao que parece, foram discordâncias quanto a esse serviço que provocaram tão preocupante conflito. Mas o apóstolo instruía que mesmo essas ansiedades, teriam de ser colocadas diante do Senhor, por meio de orações e súplicas, e sempre com atitudes de gratidão a Deus. Não havia outra forma melhor, para a resolução daquele conflito. O ativismo daquelas servas tão bem intencionadas não as levaria a bem algum. Somente a comunhão poderia. E a comunhão, primeiro, verticalmente. A oração, uma conversa com Deus, sobre as diferenças. Os pedidos mais dolorosos. Somente esse tipo de entrega, poderia levá-las a comungarem dos sentimentos do coração do Pai, a respeito das suas causas. E como fé sem obras é morta, Paulo ainda dá conselhos práticos de vivência: “Não se concentrem nas falsidades de vocês, mas no que for sincero... não valorizem suas falhas de caráter, mas suas atitudes honestas... não ressalte suas impurezas, imperfeições ou orgulho, mas ressaltem suas singelas expressões de amor uns para com os outros, guardando apenas em seus pensamentos, o que seja virtuoso e elogiável. E o Deus da paz será com vocês”. São receitas práticas porque não são lições fáceis de serem assimiladas. É preciso exercício contínuo, diário. É preciso trazer à memória, diariamente, aquilo que nos traz esperança (Lm 3.21). É preciso lembrar, diariamente, que perto está o Senhor... Perto, inclusive, dos de coração quebrantado (Sl 34.18).

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Faça-me querer...

Às vezes é tão difícil querer amar!!! Esse tal “querer” precede o amor! Não é um parto normal. É uma cesariana! É fruto de dor, de escolha feita baseada no desprezo de sua própria dor. É escolher, do fundo do coração, estar próximo, mesmo quando se deseja desesperadamente a maior distancia possível. É como o grito desesperado do salmista: “Senhor, cria em mim um coração puro, e faça-me querer te obedecer”. Esse tal “querer”... é uma alto entrega, que oras, parece que não se consegue fazer sozinho... mas que se deve fazer... para que se possa viver, enfim, como se deve viver... “Ó Deus... faça-me querer morrer... faça-me querer te obedecer!”