Certa vez Jesus atravessou o grande lago da Galiléia, em direção à Gadara. Lá, ele encontrou um endemoninhado, que por muitos anos andava nú e vivia entre túmulos. Jesus libertou esse homem de suas prisões espirituais, e os demônios que estavam nele, passaram para uma manada de porcos que se precipitou de um despenhadeiro abaixo. Os gadarenos se puseram tão aborrecidos com a perda dos porcos, e temerosos de perderem outras coisas mais, que não conseguiram se alegrar com a libertação do seu endemoninhado. Antes, pediram a Jesus que se retirasse de sua terra. Porque em Gadara, ao contrário do que é em Sião, coisas são mais importantes que pessoas.
Gadara é a terra onde ninguém é insubstituível, onde ninguém é importante, e as pessoas são descartáveis. Em Sião, cada pessoa é única, e uma vida vale mais que o mundo inteiro perdido.
Gadara é a terra do politicamente correto. Do tapinha nas costas, apesar da faca também. Sião é a terra do sim, sim, ou não, não.
Gadara é a terra da troca, da barganha, onde o valor de uma pessoa se mede pelo que ela pode oferecer. Sião é a terra onde o mundo, por mais mundo que seja, valeu o preço da morte do Unigênito do Pai.
Gadara é a terra da intolerância, onde o que vale é o retorno próprio e o bem-estar pessoal. Sião é lugar da misericórdia, do reconhecimento das limitações do próximo, por identificar-se também, com elas. É o lugar onde o outro é superior a nós mesmos, e onde a nossa outra face estará sempre exposta.
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