O reino de Deus ou “reino dos céus”, “reino de Cristo”,
“reino do Senhor” ou apenas, “o reino”, é, por definição, o domínio soberano de
Deus sobre todas as coisas – “O Senhor
estabeleceu o seu trono nos céus, e como rei domina sobre tudo o que existe.” Sl
103.19; Dn 4.25-26; Mt 5.34; Ef 1.20; Cl 1.16; Ap 7.15-17. No decorrer dos tempos, porém, Deus estabelece meios para
manifestar seu reino eterno na História.
A Manifestação histórica do reino de Deus
Com propósito de manifestar na História o seu reino, Deus
escolheu e separou um homem para fazer por meio dele um grande povo, através do
qual abençoaria todos os povos da terra – Ge
12.1-3. Abraão creu no Senhor, e Israel, sua descendência, se tornou o povo
de Deus na terra. Dentre os filhos de Israel, Deus escolheu a Davi para governar
sobre o seu povo e lhe fez a promessa de uma dinastia que seria para sempre –
2Sm 7.8-29. Por meio desta promessa, o Messias, esperado por Israel para reinar
no trono de Davi, necessariamente, teria que ser descendente direto de Davi.
Assim, veio Jesus, filho de José, da família de Davi – Mt 1; Lc 2.1-6.
O reino de Deus em Jesus
O reino de Deus veio em Jesus, mas de uma forma que
surpreendeu a muitos. Jesus pregava por todos os lados as boas novas do reino
de Deus – Mt 4.23 / 9.35; Lc 16.16. Em um determinado momento, Jesus resolve ir
a certas cidades e envia discípulos, de dois em dois, diante dele,
anunciando-lhes que o reino de Deus lhes estava próximo – Lc 10.1-11. Jesus
mesmo era reino de Deus. Ele manifestou visivelmente o eterno Deus, bem como, o
seu caráter – Cl 1.15-16. Ele disse aos fariseus que lhe perguntavam sobre o
tempo da manifestação do reino de Deus que, embora não estivesse visível na
perspectiva deles, o reino de Deus já estava entre eles – Lc 17.20-21. Em outra
ocasião, quando Jesus conversava com o fariseu Nicodemos, ele lhe disse que
ninguém poderia ver o reino de Deus, a menos que nascesse de novo – Jo 3.3. O
reino de Deus é completamente invisível para os que não nasceram do Espírito,
pois somente quando se entra no reino é que se pode contemplá-lo. Nascer de
novo, aqui, é o mesmo que tornar-se parte da nova criação. É por isso que Paulo
chama Jesus Cristo de “o primogênito
sobre toda a criação”, em Colossenses 1.15. Não só porque ele é maior e
antes de todas as coisas, mas porque ele, que é o Criador e que se fez criatura se dando em resgate de tudo, enquanto Filho do Homem, é o primeiro da nova criação. Jesus é aquele por meio de quem
todas as coisas são feitas novas – IICr 5.17; Gl 6.15. Jesus desencadeou um
processo de vivificação de tudo ICr 15.45. E este processo permanece, e
culminará nos novos céus e na nova terra, como se pode ler em Apocalipse
21.1-8.
O nosso papel
Aos que se encontraram com Jesus, e tiveram a experiência
do novo nascimento, ele chama de “luz do
mundo e sal da terra” – Mt 5.13-16. São homens e mulheres que, no mundo,
não vivem egoisticamente, mas vivem como luzes, que sinalizam por onde andam, a
respeito de um reino que está neles, e no qual eles estão inseridos, e que se
manifestará de modo visível sobre tudo. São pessoas que entendem que “o Reino de Deus não é comida nem bebida,
mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo” – Rm 14.17. São pessoas que
não vivem para julgar, mas vivem em função e movidos por um amor que salva.
Um pequeno trecho do livro Uma Ortodoxia Generosa, de Brian McLaren, resume bem a nossa missão:
“(...), Jesus vem ao mundo com amor que salva. Ele cria a
igreja como uma comunidade missional para se juntar a ele em sua missão de
salvar o mundo. Ele me convida a ser parte dessa comunidade para experimentar
seu amor salvador e participar dele.
Essa abordagem
missional muda tudo. (...), ela elimina velhas dicotomias como “evangelismo” e “ação
social”. Ambas estão integradas para expressar ao mundo um amor que salva. Aos
que querem se tornar cristãos (quer através da proclamação, quer da
demonstração), nós damos boas-vindas. Aos que não querem, amamos e servimos,
juntando-nos a Deus na busca pelo seu bem, sua bênção, sua paz.”