sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Suscita, Senhor! Suscita em mim!

No trigésimo segundo ano do rei Artaxerxes, rei de Babilônia, após ter passado certo tempo com o rei, o profeta Neemias resolve voltar à Jerusalém, e mais uma vez se vê consumido pelo zelo da casa do Senhor. Os profetas não tinham reconhecimento oficial como os sacerdotes e levitas. Não eram herdeiros do ofício, por linhagem familiar. Eram marginais da religião. Surgiam sem que fossem esperados. Falavam sem que fossem convidados a isso, e ainda que não fossem ouvidos, inclusive, e/ou principalmente pelos levitas e sacerdotes do Senhor. Tal ministério sem título, sem reconhecimento, era legitimado apenas pela autoridade do vento que sopra onde quer, ainda que não se saiba de onde vem ou para onde vai. Com essa autoridade Neemias ordena a limpeza de todas as câmaras da casa do Senhor, e ele mesmo lança fora todos os móveis de Tobias, que ocupava uma dessas câmaras por consentimento do sumo sacerdote Eliasibe. Não é estranho que Tobias, um amonita, estivesse fazendo de moradia uma câmara da casa de Deus, exatamente onde se deveriam encontrar os utensílios consagrados para o serviço do Senhor, as ofertas de cereais e o incenso? Um filho de Belial ocupava a casa do Senhor, de modo que o serviço do Senhor viesse a cessar, as ofertas deixassem de ser entregues, e a fumaça do incenso não encontrasse mais a presença de Deus!

“Ou não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que habita em vós, o qual possuís da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos?” 1Co 6.19

“E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rm 12.2

Definitivamente, não creio que seja outro tipo de jejum que o Senhor esteja esperando de nós, senão a abstinência de idéias, vícios, pensamentos, atitudes aparentemente insignificantes do nosso dia-a-dia, mas que escravizam nossos sentimentos e emoções à coisas fúteis e ilusórias, que freiam a nossa caminhada diária de relacionamento com Deus, de conhecimento dele, de conversa alimentada pela fome insaciável de tê-lo e conhecê-lo mais do que a qualquer outra coisa ou pessoa. São filhos ou filhas de asdonitas, amonitas e moabitas, vizinhos e camaradas nossos, que convidamos a sentarem nas nossas salas, sem percebermos que com eles estamos construindo convivência mais forte e intensa do que com aquele que é o legítimo dono das nossas casas, e verdadeiro apaixonado por nossas almas.
Meu Deus! Suscita em mim! Suscita em nós os marginalizados! Aqueles anônimos, sem rosto nem causa própria. Que descobrem a simplicidade do caminho da limpeza da casa, que somos nós mesmos. Que se lembrem, e soprem sobre outros a lembrança do serviço, das ofertas, do incenso, do relacionamento que tão desesperadamente buscamos em tantas coisas vãs, mas que somente em ti, apenas em ti encontraremos!