sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Deus, que se fez menino

“Mas o anjo lhe disse: “Não tenha medo, Maria; você foi agraciada por Deus! Você ficará grávida e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo. O Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi, e ele reinará para sempre sobre o povo de Jacó; seu Reino jamais terá fim”. Perguntou Maria ao anjo: “Como acontecerá isso se sou virgem? O anjo respondeu: “O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Altíssimo a cobrirá com a sua sombra. Assim, aquele que nascer será chamado Santo, Filho de Deus.”” Lucas 1: 30-35
“Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós. Vimos a sua glória, glória como do Unigênito vindo do Pai, cheio de graça e de verdade. (...). Ninguém jamais viu a Deus, mas o Deus Unigênito, que está junto do Pai, o tornou conhecido”. João 1: 14, 18
É muito comum, especialmente nesta época de final de ano, as pessoas se referirem a Jesus como o menino Deus. Da mesma forma, é muito comum ver os cristãos evangélicos criticarem o uso desta expressão. Na visão de muitos de nós, essa expressão menospreza ou limita o Cristo de Deus, que viveu seu ministério, e que morreu e ressuscitou já como um homem adulto. Porém, não se pode negar que embora ele nunca tenha deixado de ser como uma criança, o adulto Jesus, que também era Deus, foi, pelo amor do Pai, o menino Jesus. Deus, que se fez menino.
Essa forma de Deus se manifestar a nós é de uma riqueza inestimável. Jesus efetivamente viveu como criança. Mesmo quando se tornou adulto. E nos alertou de que fizéssemos o mesmo. Certo dia, os discípulos se acharam discutindo sobre quem era o maior no Reino de Deus. Jesus, em Mateus 18, “chamando uma criança, colocou-a no meio deles, e disse: “Eu lhes asseguro que, a menos que vocês se convertam e se tornem como crianças, jamais entraram no Reino dos céus”.” O Reino era chegado em Jesus, e embora o Reino de Deus esteja sobre tudo e todos, somente os que se convertessem, assim como o é hoje, a uma vida de criança, poderiam ser servos dele. O adulto é crescido, é entendido, é suficientemente experimentado, tem seus direitos adquiridos para ir e vir. A criança, por mais crescido que seja, tem sempre mais o que crescer, é um eterno aprendiz da vida, nunca é experimentada o suficiente, e seu grande privilégio é sua eterna dependência dos cuidados e da direção do maravilhoso Pai de amor, e de seus irmãos.
“Portando, quem se faz humilde como essa criança, este é o maior do Reino dos céus”. Mt 18. 4
Penso que esse deva ser o nosso grande desafio diário... e em qualquer época do ano... descobrir, redescobrir, aprender, reaprender, dia a dia, a ser humilde. Penso que essa foi a grande lição do menino Jesus. De Deus, que se fez menino. Deus, que se limitou, se contendo em forma de um menino. Deus, que se humilhou a si mesmo. E com um único objetivo, como se vê em Mateus 20:28:
“como o Filho do homem que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”.
Apenas na humildade se acha o amor não fingido, não interesseiro. A disposição de aprender, ainda que já seja um professor. A inclinação para perdoar, parar liberar em amor, ou acolher sem reservas. Apenas na humildade pode-se ser como o Cristo de Deus foi... e apenas assim, o mundo pode ver sua luz brilhar por meio de nós.
Se alguém quiser ser o primeiro, será o último, e servo de todos”. Marcos 9:35

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Perto está o Senhor

“Portanto, meus amados e saudosos irmãos, minha alegria e coroa, permaneçam assim firmes no Senhor, amados. O que rogo a Evódia, e a Síntique, é que vivam em harmonia no Senhor. E peço-te também a ti, meu verdadeiro companheiro, que ajudes essas mulheres que trabalharam comigo no evangelho, e com Clemente, e com os outros cooperadores, cujos nomes estão no livro da vida. Alegrem-se sempre no Senhor. Novamente direi: Alegrem-se! Seja a amabilidade de vocês conhecida por todos. Perto está o Senhor. Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus. Finalmente, irmãos, tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas. Ponham em prática tudo o que vocês aprenderam, receberam, e ouviram e viram em mim. E o Deus da paz estará com vocês.” Filipenses 4:1-9

Na sua carta aos irmãos da cidade de Filipos, próximo das considerações finais, Paulo faz menção de um foco de divisão ou rivalidade na igreja. Ele pedi encarecidamente à Evódia e a Síntique, duas missionárias que o havia ajudado anteriormente, que procurassem viver harmoniosamente, e dá a receita.
Os cristãos da primeira Igreja vivam na iminência da volta de Jesus. Eles criam que Jesus voltaria há qualquer momento. Por isso mesmo, eles eram tão desapegados dos bens materiais, tão solidários para com os próximos, fossem eles da fé ou não. Eles tinham seus olhos voltados pro cumprimento da promessa mais significativa para os da caminhada. A promessa do retorno do Senhor para encontrar-se com sua Igreja. Às irmãs conflitantes, e aos demais irmãos de Filipos, Paulo lembrava: “Perto está o Senhor. Alegrem-se. Sejam amáveis. Nada pode ser mais importante pra vocês, do que essa esperança”. A verdade, é que na caminhada, nós nos embaraçamos com as coisas desta vida com uma facilidade extraordinária! E o pior de tudo, é que na maioria das vezes, nos embaraçamos com as coisas desta vida, com a intenção, exatamente, de alcançarmos as coisas da outra vida. Essas irmãs eram diligentes quanto ao serviço do Senhor. E ao que parece, foram discordâncias quanto a esse serviço que provocaram tão preocupante conflito. Mas o apóstolo instruía que mesmo essas ansiedades, teriam de ser colocadas diante do Senhor, por meio de orações e súplicas, e sempre com atitudes de gratidão a Deus. Não havia outra forma melhor, para a resolução daquele conflito. O ativismo daquelas servas tão bem intencionadas não as levaria a bem algum. Somente a comunhão poderia. E a comunhão, primeiro, verticalmente. A oração, uma conversa com Deus, sobre as diferenças. Os pedidos mais dolorosos. Somente esse tipo de entrega, poderia levá-las a comungarem dos sentimentos do coração do Pai, a respeito das suas causas. E como fé sem obras é morta, Paulo ainda dá conselhos práticos de vivência: “Não se concentrem nas falsidades de vocês, mas no que for sincero... não valorizem suas falhas de caráter, mas suas atitudes honestas... não ressalte suas impurezas, imperfeições ou orgulho, mas ressaltem suas singelas expressões de amor uns para com os outros, guardando apenas em seus pensamentos, o que seja virtuoso e elogiável. E o Deus da paz será com vocês”. São receitas práticas porque não são lições fáceis de serem assimiladas. É preciso exercício contínuo, diário. É preciso trazer à memória, diariamente, aquilo que nos traz esperança (Lm 3.21). É preciso lembrar, diariamente, que perto está o Senhor... Perto, inclusive, dos de coração quebrantado (Sl 34.18).

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Faça-me querer...

Às vezes é tão difícil querer amar!!! Esse tal “querer” precede o amor! Não é um parto normal. É uma cesariana! É fruto de dor, de escolha feita baseada no desprezo de sua própria dor. É escolher, do fundo do coração, estar próximo, mesmo quando se deseja desesperadamente a maior distancia possível. É como o grito desesperado do salmista: “Senhor, cria em mim um coração puro, e faça-me querer te obedecer”. Esse tal “querer”... é uma alto entrega, que oras, parece que não se consegue fazer sozinho... mas que se deve fazer... para que se possa viver, enfim, como se deve viver... “Ó Deus... faça-me querer morrer... faça-me querer te obedecer!”

domingo, 29 de novembro de 2009

A consciência de quem somos

“Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que a ti são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como galinha ajunta a sua ninhada debaixo das asas, e não quiseste!” Lc 13.34

No primeiro capítulo do seu evangelho, o apóstolo João fala que o verbo se fez carne. A Palavra eterna, por meio de quem tudo que foi feito se fez se tornou carne, homem, e habitou entre nós. No capitulo 2º, verso 52, Lucas registra que Jesus crescia em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens. Deus, que se fez homem, não fez de conta que era homem, mas de fato, se tornou homem, e se submeteu a todos os processos de desenvolvimento cognitivo, crescimento físico, e até em termos de conhecimento de Deus, de sua graça, e de como ela se traduz na relação de si mesmo com os homens. Tiago afirma que Deus mesmo não tenta ninguém, e não pode ser tentado pelo mal. Mas o escritor aos Hebreus no capítulo 4º, verso 15, nos assegura que em todas as coisas, o grande sumo sacerdote Jesus, o verbo-carne, foi tentado, como nós, mas sem pecado. Jesus era, sempre foi, e sempre será Deus. Mas se fez homem. E como homem viveu. Mas viveu com a consciência de quem ele era. E isso ficou claro no seu choro por Jerusalém. Talvez esse seja o diferencial de que precisamos. A consciência de quem nós somos.
Na oração modelo, em Mateus nove, Jesus ensina a submissão à vontade do Pai pela expressão: “venha o teu reino, faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu”. Esse é um entendimento que precisa ser impresso em nossa mente e coração, para a compreensão do nosso papel em vida. “Venha o teu reino, Senhor. Manifesta-o a nós. Faz-nos compreender os seus princípios. De modo que a tua vontade, na terra, seja cumprida por meio de nós, em todas as áreas de nossas vidas, assim como ela é cumprida no céu”. Ou seja, somos servos do reino, em vida. Esse é o nosso papel primordial.

“Mas todas as coisas provêm de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Cristo, e nos confiou o ministério da reconciliação; pois que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões; e nos encarregou da palavra da reconciliação”. 2Co 5.18-19

Somos servos do reino. Fomos incumbidos de levar/viver a palavra da reconciliação do mundo com Deus, porque ele amou o mundo! Ele amou o amigo infiel e traidor, o filho rebelde, o pai bêbado, a mãe negligente, o professor desalmado e descompromissado, o patrão opressor, o político ladrão, a polícia corrupta, o assassino, o estuprador... Deus amou o mundo! E por meio de Cristo, nos tornou instrumentos desse amor, à serviço do seu reino, para a reconciliação do mundo consigo mesmo, onde quer que estejamos, por meio do que estivermos fazendo, porque como muito bem colocou Arno Vorpagel Scheunemann, “palavra será Palavra se deixar de sê-lo, para ser vida (com rosto e coração)”.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Ponto de Cultura

Ontem à noite fui ao Itaú Cultural, na Paulista, para o lançamento do livro Ponto de Cultura: O Brasil de Baixo para Cima, de Célio Turino, secretário de Cidadania Cultural do Ministério da Cultura (MinC). Célio, como ele mesmo se apresente no livro, é brasileiro, porque gosta “de não ter uma cara definida, os mil povos em um”; é radical, porque procura “desvelar o Brasil e assumir o risco de preparar o solo para acomodar outros tipos de raízes, que façam brotar um país como nunca se viu”; é utópico, porque sonha “com uma sociedade superior e sem que isso pressuponha modelos ou medidas pré-concebidas”; e comunista, porque procura “o Bem Comum e a partilha”. O evento contou com a presença de músicos amigos e duas companhias de Maracatu. Mas a atração principal mesmo, foi a fala do próprio Célio e sua emocionada leitura de alguns pontos do livro. Foi apaixonante ver sua paixão por gente, sua emoção em citar mazelas por ele vistas Brasil a fora, e sobre tudo, sua alegria e fascínio em comentar alguns pontos de cultura que se traduzem como agencias de transformação, tirando crianças e jovens das drogas, da violência, e gente de bem da fome e da falta de dignidade enquanto gente. Eu sou evangélico, e minha visão a respeito de missões vai além da busca pela “alma” do homem, sem considerar sua cultura, seu meio, suas necessidades físicas, mas também não se restringe à Teologia da Libertação, a visão católica de transformação do homem apenas por meio de transformação social. Missão Integral é a nossa proposta. É a proposta de transformação do homem integral, por meio da vivencia do evangelho integral, uma vez que quando se tenta vivê-lo parcialmente, não é o evangelho que se vive, de fato. Gosto da frase do Ariovaldo Ramos, quando ele diz: "A obra d'agente é o resultado daquilo que agente crê." O Célio tem mostrado no que ele crê, e quem obtiver o seu livro vai poder conferir. Veja este trecho do livro:

“Depois de detalhar o programa Cultura Viva, fiz alguns desenhos, mostrando a interseção de um Ponto com outro. Ele logo disse: “Você estudou tanto para chegar ao desenho do peixe”. “Peixe?”, perguntei. “Sim, o símbolo dos primeiros cristãos, a parte de um círculo cruzando outro”. De fato, tava tudo ali, na minha frente, e eu não havia percebido. A religião dos escravos e do bem comum unira gente com o mesmo objetivo, um ponto completando outro, o se compadecer pelo semelhante, a compaixão, o repartir o pão e a comunhão entre iguais.”

Bem, isso tudo me faz tornar a questionar a mim mesmo, não o evangelho, mas no que eu tenho crido! No que nós temos crido? No que a Igreja tem crido? Quais têm sido as nossas obras? Tiago disse que a fé sem obras é morta, não existe, de fato. É um delírio fanático, ou qualquer outra coisa, mas não é fé! Eu escolhi engolir o meu orgulho cristão, e procurar aprender alguma coisa, para o exercício da fé, com o Célio Turino, porque pra mim, no exercício da sua fé, ele me faz lembrar Cristo, o autor e consumador da minha fé.

Já está na coluna Frases Relevantes, mas nunca é demais repetir:
"Santidade só é santidade quando nos compele ao outro.”
Elias Binja

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Nova Lei Nacional de Adoção – Um fator Melquisedeque

Entra hoje em vigor a Nova Lei Nacional de Adoção. Seu principal objetivo é viabilizar uma aceleração ao processo de adoção ou reintegração da criança ou do adolescente à sua família de origem, de modo que eles não permaneçam mais de dois anos em abrigos de acolhimento institucional.
A Nova Lei enfatiza a responsabilidade dos órgãos públicos no cumprimento de seus deveres quanto ao direito de toda criança e adolescente à convivência familiar. Ficou determinado, por exemplo, que o Poder Judiciário deverá reavaliar o caso de cada criança ou adolescente em abrigos, a cada seis meses, sempre com o propósito de reintegrá-los às suas famílias de origem, ou encaminhá-los a famílias substitutas ou a programas de acolhimento familiar, no caso da primeira alternativa ser completamente inviável. Uma perspectiva de valorização da família pode ser bem observada no esforço da Lei em priorizar a reintegração da criança e do adolescente à sua família de origem, antes de qualquer outra possibilidade. Inclusive, os casos de encaminhamento de crianças e adolescentes a programas de acolhimento institucional por parte de sua própria família por questões de falta de condições financeira não será mais tolerado pelos órgãos públicos, antes, as crianças que já estiverem em abrigos serão reintegradas às suas famílias, que será imediatamente inserida em programas e serviços de apoio e promoção social. Nos casos em que a adoção for a melhor alternativa, o Poder Judiciário, junto com outros órgãos públicos, deverão oferecer às pessoas e casais interessados em adotar, uma preparação psicossocial, através de cursos ou programas de orientação, com propósito de estimular a adoção de crianças maiores de três anos e adolescentes, grupos de irmãos ou pessoas com deficiência, e de evitar a ocorrência de violação de direitos e abandono de crianças e adolescentes adotados por seus pais adotivos, como em um recente caso na cidade de Uberlândia, em Minas Gerais, que o ministério público condenou um casal ao pagamento de uma indenização por danos morais, a uma menina de oito anos de idade, correspondente a 100 salários mínimos e ao pagamento de pensão alimentícia até que ela complete a idade de 24 anos, por ter sido abandonada por eles, após um ano de adoção. No Brasil, os pais adotivos têm as mesmas responsabilidades e obrigações, em relação aos seus filhos adotivos, que têm os pais biológicos. E isso nos lembra alguma coisa?

“Pois vocês não receberam um espírito que os escravize para novamente temerem, mas receberam o Espírito que os adota como filhos, por meio do qual clamamos: Aba, Pai. O próprio Espírito testemunha ao nosso espírito que somos filhos de Deus. Se somos filhos, então somos herdeiros; herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo, se de fato participamos dos seus sofrimentos, para que também participemos da sua glória”. Rm 8.15-17

“Mas, quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido debaixo da Lei, a fim de redimir os que estavam sob a Lei, para que recebêssemos a adoção de filhos. E, porque vocês são filhos, Deus enviou o Espírito de seu Filho ao coração de vocês, e ele clama: “Aba, Pai”. Assim, você já não é mais escravo, mas filho; e, por ser filho, Deus também o tornou herdeiro”. Gl 4.4-7

“Porque Deus nos escolheu nele (Cristo) antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença. Em amor nos predestinou para sermos adotados como filhos, por meio de Jesus Cristo, conforme o bom propósito da sua vontade, para louvor da sua gloriosa graça, a qual nos deu gratuitamente no Amado”. Ef 1.4-6

Com certeza, os esforços pela unidade familiar e principalmente pela adoção responsável, são traços de Deus em nossa sociedade. Tiago diz que “Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, que não muda como sombras inconstantes.” (Tg 1.17).

Além da adoção em si, as suas características mais preponderantes, como a voluntariedade por parte do adotante, sua total responsabilidade quanto ao filho adotado e a vitaliciedade do ato, que estão bem impressas na Nova Lei Nacional de Adoção, manifestam a maravilhosa graça do Soberano Senhor em nossa cultura e Legislação.

“Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora. Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia.” Jo 6.37; 44

“Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão. O meu Pai, que me deu, é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar. Eu e o Pai somos um.” Jo10.28-30

Aleluia! O Senhor reina sobre as nações.
A Deus seja toda a glória!

domingo, 1 de novembro de 2009

Mais que uma aceitação, uma conversão!

“E Jesus, passando adiante dali, viu assentado na recebedoria um homem, chamado Mateus, e disse-lhe: Segue-me. E ele, levantando-se, o seguiu. E aconteceu que, estando ele em casa sentado à mesa, chegaram muitos publicanos e pecadores, e sentaram-se juntamente com Jesus e seus discípulos. E os fariseus, vendo isto, disseram aos seus discípulos: Por que come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores? Jesus, porém, ouvindo, disse-lhes: Não necessitam de médico os sãos, mas, sim, os doentes. Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício. Porque eu não vim a chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento.” Mateus 9.9-13


Vivemos em tantas correrias, com tantas atividades que nos sugam tanto, as energias e o tempo, que mal conseguimos pensar em outras coisas que não as nossas próprias, os nossos compromissos, os nossos cursos, estudos, namoros, casamentos, negócios, nossas carreiras, etc. A verdade, é que estamos cada vez mais egocêntricos. Cada vez mais nos sentindo obrigados a nos concentrarmos em nós mesmos, e consequentemente, menos no próximo, ou em Deus, ou seja lá no que for. Mesmo nós, os chamados “cristinhos, ou pequenos cristos”, já que é essa a melhor idéia de definição do termo cristão! As nossas igrejas estão cada vez mais cheias. As nossas reuniões, cada vez mais configuradas por atrativos repletos de informação, inovação, distração e recursos motivacionais. É muito comum ver e ouvir pessoas dizendo o quanto gostam de ir “àquela igreja”, no final de semana, porque elas conseguem obter uma “recarga em suas pilhas” para enfrentar mais uma semana com mais correria, compromissos, cursos, negócios, transito... e a vida passa a encontrar seu sentido de ser, apenas nisso, na correria tresloucada, partindo sempre de uma insatisfação profunda para outra mais profunda ainda. E nós, mesmo nós, os “pequenos cristos”, estamos cada vez mais egocêntricos e indiferentes, cada vez mais descompromissados, cada vez aceitando mais, a idéia de uma vida religiosa – pelo menos nos finais de semana – em lugar de uma vida de seguidor-imitador do Cristo de Deus.
Mateus, o personagem do texto acima, era como a maioria de nós. Um trabalhador dedicado. Tão dedicado, que era até desprezado pelos seus, por sua tamanha dedicação. Ele trabalhava como coletor de impostos dos judeus, para Roma, embora fosse ele também um judeu. Mateus era o que se chamava de publicano, termo usado para um judeu funcionário do Império Romano, que era um governo estranho, autoritário, um invasor. Mateus era um traidor do seu próprio povo. Era um Judas, por assim dizer. Era cúmplice de Roma, na cobrança de altíssimos impostos do seu próprio povo, sendo que, de parte desses impostos ele se beneficiava, passando uma boa parcela do montante a ele pertencer. Como publicano, ele era renegado pelos seus. Era um indesejado. E Mateus tinha tanta consciência disso, que passou a ser chamado de Mateus, que é um nome grego que usava no lugar do seu verdadeiro nome, Levi, um nome judeu (Mc 2.14; Lc 5.27-28). Levi havia perdido sua identidade. Sua parte agora era com os pecadores. Aqueles... os considerados impuros, os gentios, os ladrões, as prostitutas, etc. Levi agora era um Mateus da vida!
Mas um dia Mateus encontrou, ou melhor, foi encontrado por Jesus, e nunca mais foi o mesmo! O texto sagrado diz que Mateus estava sentado na coletoria de impostos, quando Jesus, passando, o viu e o chamou, e ele, imediatamente, deixou tudo, como frisou Lucas, no verso vigésimo oitavo do quinto capítulo, e o seguiu. Eis a primeira prova da conversão de Mateus. Só alguém que tem uma experiência transcendente consegue fazer esse juízo de valor a respeito de si mesmo, da sua vida, e do novo pelo qual se viu alvejado. Eu creio que Mateus já era um sedento. Ele sabia que algo lhe faltava. Ele tinha dinheiro, mas isso não bastava. Ele nunca fora convidado por um rabino, antes! Ora, ele era um publicano! Ele não era nem visto! Mas naquele “Happy Day”, passando Jesus, o viu, e o convidou dizendo “segui-me”, e ele prontamente o fez.
A continuação do texto me impressiona ainda mais. Mateus não apenas assumiu, a custo de tudo, o compromisso de seguir a Jesus, como também se desprendeu de todo egoísmo no qual estava atolado. O povo vivia sob o pesado jugo de Roma, pagando exorbitantes impostos, e Mateus viabilizada essa injustiça com o seu trabalho, porque nada mais lhe importava, senão o seu próprio bem-estar, seu lucro, o seu enriquecimento, fosse ele justo ou injusto. Mas quando Mateus ouviu a voz do Mestre, o seu interior sofreu uma revolução. Ele não apenas aceitou ir com o Mestre, mas também se converteu aos seus ensinos e coração. Mateus aprendeu a compartilhar. E a sua primeira iniciativa registrada foi a de oferecer o que Lucas chamou de “um grande banquete” (Lc 5.29) em sua casa. Ele não poderia conter aquilo só para ele! Ele desejou compartilhar com todos os outros pecadores! Todos! A sua família, os outros inúmeros publicanos e impuros... Todos deveriam ter a chance de ouvir o que ele havia ouvido... De experimentar tão transformadora verdade. E enquanto os fariseus, que eram zelosos da religião judaica, continuavam julgando, questionando Jesus por assentar-se com os publicanos e pescadores, estes, estavam se permitindo ser transformados, e exatamente porque reconheciam quem eles mesmos eram.
Este é o nosso primeiro desafio. Reconhecer que não passamos de pessoas adoecidas pelo pecado do egoísmo, do amor à religião conveniente, da indiferença para com Deus e, por conseguinte, para com o próximo. É crucial que ouçamos a voz do Senhor nos chamando a segui-lo. Que entendamos que segui-lo implica em deixar tudo que nos embaraça a esta vida. Segui-lo implica não em querer que ele ande conosco, mas em andar com ele. Segui-lo é amar. E amar é servir, das mais variadas formas possíveis, inclusive, compartilhando com os outros, da maravilhosa voz que nos diz a todos: “Segue-me”.

sábado, 24 de outubro de 2009

Sobrenatural

Enquanto desciam do monte, Jesus lhes ordenou que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do homem tivesse ressuscitado dos mortos. Eles guardaram o assunto apenas entre si, discutindo o que significaria "ressuscitar dos mortos". E lhe perguntaram: "Por que os mestres da lei dizem que é necessário que Elias venha primeiro?" Mc 9.9-11

Certa ocasião três discípulos mais chegados são convidados a uma partícula maior de intimidade com o mestre. Eles chegam aonde outros não chegaram. Vêem o que outros não viram. Talvez o mestre quisesse que esses seus companheiros tivessem o privilégio de trabalhar com maior afinco e propriedade, uma vez conhecendo aspectos mais significativos de sua pessoa e de sua causa. Ou talvez isso refletisse ainda sua necessidade em compartilhar, em andar mais junto de pelo menos alguns dos que juntos dele estavam. Os três amigos, no entanto, de tão surpreendidos por alguns aspectos desta intimidade, desviam sua visão do alvo inicial, ao invés de aprimorá-la! Os supostos mistérios os maravilham ao ponto de se fazerem confusos quanto ao elementar.
Este é o estado de Pedro, Tiago e João, ao desceram do monte, depois de presenciarem a transfiguração de Jesus. Daí surge a questão: “Por que dizem os escribas ser necessário que Elias venha primeiro?” Por que essa necessidade de arrumar a casa? Por que essa necessidade de desenvolvimento de consciência? Por que tanta teologia? Tanta falação? Apenas exponha o povo a essas experiências! Levem-nos a ver o que vimos... A experimentar o que experimentamos... Faça o povo sentir!!!
Porém, pessoas não vivem apenas de emoção, palavras de animo e motivação. Não é que as experiências, a emoção, etc., não tenham sua importância. Claro que tem! Mas elas só são ferramentas num processo de construção de uma consciência de vida cristã. Nos momentos mais contraditórios da vida, as palavras tipo auto-ajuda se queimarão como palha! Nós precisamos de conteúdo. Nossas experiências precisam ser confrontadas com a Palavra de Deus. Esta precisa guiar-nos no julgamento e compreensão daquelas.
Jesus já sabia do que lhe ia acontecer, mas no evangelho de Lucas, ao ser descrito o episódio da transfiguração, o escritor ressalta que Moisés e Elias falavam com ele sobre a sua partida, que aconteceria dali a poucos dias. Me parece que essa é a razão para as experiências, especialmente as de cunho sobrenatural. É enfatizar a compreensão da revelação já existente. O que havia de ser revelado, já foi! Ninguém recebe novas revelações. Antes, os nossos olhos se abrem, a nossa compreensão é expandida, quanto ao entendimento de certos aspectos da revelação, até então, despercebidos por nós! E as nossas experiências são como elementos desse laboratório relacional. Elas não são o fim, nem podem ser nossa força motora.
Àqueles três discípulos, competiu-lhes apenas compartilhar, depois da ressurreição, sobre tudo o que haviam visto e aprendido, com a finalidade de desenvolvimento e fortalecimento da fé dos outros discípulos, a respeito de quem era Jesus, e de como a lei e os profetas, de fato, testemunhavam dele.
Lamentavelmente a nossa vida anda tão vazia de conteúdo – e não por culpa de Deus, é claro! – que temos nos tornado cada vez mais místicos, emocionais, e dependentes de supostas “novas revelações”! Muitos dos que estão entre nós, estão apenas porque amam esses ventos estranhos e suas mirabolantes promessas de curas e prosperidade... Outros, no entanto, são vítimas, enquanto roubadas em suas consciências, mas também culpadas por não exercerem o sacerdócio sobre suas próprias vidas, como filhos de Deus e templo do Espírito Santo, que são.
Bem, a todos nós fica o direcionamento do escritor aos hebreus, no verso nono do capítulo 13:

"Não vos deixeis levar em redor por doutrinas várias e estranhas, porque bom é que o coração se fortifique com graça, e não com alimentos que de nada aproveitaram aos que a eles se entregaram."

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Uma lição de graça

“Quando Davi chegou aos duzentos homens que, de cansados que estavam, não tinham podido segui-los, e que foram obrigados a ficar ao pé do ribeiro de Besor, estes saíram ao encontro de Davi e do povo que com ele vinha; e Davi, aproximando-se deles, os saudou em paz. Então todos os malvados e perversos, dentre os homens que tinham ido com Davi, disseram: Visto que não foram conosco, nada lhes daremos do despojo que recobramos, senão a cada um sua mulher e seus filhos, para que os levem e se retirem. Mas Davi disse: Não fareis assim, meus irmãos, com o que nos deu o Senhor, que nos guardou e entregou nas nossas mãos a tropa que vinha contra nós. E quem vos daria ouvidos nisso? pois qual é a parte dos que desceram à batalha, tal será também a parte dos que ficaram com a bagagem; receberão partes iguais. E assim foi daquele dia em diante, ficando estabelecido por estatuto e direito em Israel até o dia de hoje.” (ISm 30.21-25).

Na Igreja, o Senhor distribui dons segundo sua própria vontade, para a glorificação de si mesmo nela, e por meio dela. Todos, na Igreja, são alvejados por dons. Ninguém tem todos; ou nenhum. Mas todos são apenas servos, enriquecidos pelo Senhor com ferramentas para o serviço do corpo. Ninguém é mais do que isso. Não importa qual, ou quais sejam seus dons, ou capacitações. Esse é mais um aspecto da graça que confronta nosso cristianismo.
Na concepção de Davi, aqueles que desceram aos amalequitas e guerrearam, recobrando suas famílias e bens, não eram mais merecedores do que aqueles que cansados, ficaram no caminho cuidando da bagagem de todos. Na verdade, Davi entendia que o que guerreou, o fez por causa do Senhor. Bem como, aqueles que se ocuparam apenas de guardar a bagagem no caminho, o fizeram por causa do Senhor (...Davi disse: Não fareis assim, meus irmãos, com o que nos deu o Senhor, que nos guardou e entregou nas nossas mãos a tropa que vinha contra nós.). Sendo assim, ninguém, de fato, era merecedor de nada! Todos receberam igualmente dos despojos, porque tudo era resultado da graça divina!
Somos todos igualmente indignos, não importa quais dons tenhamos. Mas temos todos um mesmo Espírito, que nos presenteia segundo seu próprio querer, para que sirvamos uns aos outros – e tomara – entendendo que os nossos supostos méritos ou privilégios deveriam se resumir apenas no privilégio de servirmos ao Senhor, servindo uns aos outros.
Somos todos igualmente indignos, e igualmente alcançados e sustentados pela graça do bom Senhor. E Davi sabia disso!

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Para o bem, ou para o mal!

Por que se enfurecem os gentios e os povos imaginam coisas vãs? Os reis da terra se levantam, e os príncipes conspiram contra o Senhor e contra o seu Ungido, dizendo: “Rompamos e seus laços e sacudamos de nós as suas algemas”. Ri-se aquele que habita nos céus; o Senhor zomba deles. Agora, pois, ó reis, sede prudentes; deixai-vos advertir, juízes da terra. Servi ao Senhor com temor e alegrai-vos nele com tremor. Beijai o Filho para que se não irrite, e não pereçais no caminho; porque dentro em pouco se lhe inflamará a ira.
Bem-aventurados todos os que nele se refugiam. Salmos 2:1-4, 10-12

Tolo é o homem em pensar ser livre! Porque limitada será sempre a liberdade de quem limitado é! Apenas Deus é livre. O Altíssimo. Soberano Senhor. A única fonte de toda sabedoria. De todo amor. De todo o bem.
Nós... seremos sempre seus servos. Para o bem, ou para o mal!
A nós... restará sempre essa escolha... manifestaremos Sua glória em nós através do Seu juízo sobre nós mesmos, ou da Sua justiça executada em Jesus por amor de todos os homens?
Bem-aventurados todos os que nele se refugiam.
Bem-aventurados os que põem no Senhor a sua confiança e não pendem para os arrogantes, nem para os afeiçoados à mentira.

Ó Deus, tu és o meu Deus forte; eu te busco ansiosamente; a minha alma tem sede de ti; meu corpo te almeja, como terra árida, exausta, sem água. Salmos 63.1

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Trocando o jugo

Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve. Mateus 11.28-30

A todo crente no Senhor Jesus, há um convite, e um desafio, neste texto de Mateus. Embora seja comumente usado apenas como um convite às pessoas para descansarem em Cristo, de todas as suas lutas, o que está correto, este texto traz também o maior desafio de Jesus aos seus seguidores. “Líderes, liderados, discípulos, discipuladores, pastores, ovelhas, vocês estão cansados? Tenho a condição para o alívio que vocês precisam... Troquem os seus jugos. Tomem o meu!”

Quando a adoradora indigna ungiu a Jesus com seu bálsamo valioso, mesmo já estando os seus discípulos há tanto tempo com o mestre, aspectos de suas naturezas antigas emergiram em protestos contra o desperdício, contra o misticismo, contra a “infantilidade” da intrusa... mas a paciência do mestre ainda os conservou por perto, de modo que eles não perdessem a chance de aprender ao serem influenciados por sua misericórdia e simplicidade; Jesus sabia quem eram os seus discípulos, e eles bem sabiam quem era o mestre do grupo, mas ainda assim, Jesus se portava como um igual entre eles, ao ponto de precisar ser identificado por um beijo, na ocasião da traição; ao traidor, continuava chamando de amigo... e não porque isso seria o politicamente correto, mas porque era assim que o seu amor o condicionava a continuar vendo-o, embora este não o tratasse como tal; de fato, a postura na vida, de Jesus, parece surreal, ilógica, contraditória aos fatos, em sua abundante e graciosa perseverança em misericórdia... mas talvez seja esse o significado de: “contudo, seja feita a Tua vontade, não a minha”, ou: “Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração”.

O jugo do Senhor não é o jugo da folga, da "maré mansa", ou mesmo da desistência e do descaso. É o jugo da dedicação, do esforço, da negação de si mesmo, da perseverança, da cruz que se toma dia-a-dia, da morte que se morre para achar a vida. Com certeza, esse não é o jugo que parecerá ser o mais fácil de carregar, mas certamente, é o único efetivamente eficaz para o que deseja o mesmo fim do mestre dos mestres.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Avivamento! Queremos mesmo???

“Passe muito tempo, diariamente pela manhã e à noite, em oração e comunhão direta com Deus. Não há conhecimento que compense a perda dessa comunhão. Se falhares nisto te enfraquecerás e serás como qualquer outro homem.” Charles G. Finney

Tenho pensado um pouco sobre o significado de avivamento, nestes últimos dias. Cresci ouvindo falar sobre avivamento... campanhas de oração, congressos, etc., tudo com a finalidade de recebermos avivamento da parte de Deus! Geralmente a história sempre se repetiu... tínhamos eventos maravilhosos, muita gente chorava muito, e dançava no poder, era "batizada no Espírito Santo", muitas profecias eram dadas e recebidas, geralmente com a promessa de um novo tempo de Deus para aquela igreja local, ou cidade, para determinada família, etc. Porém, a grande verdade é que depois das festividades, a vida continuava exatamente como era antes delas. E assim seguíamos. Vivendo de evento a evento. Sempre na esperança de recebermos um avivamento que desceria milagrosa e repentinamente, transformando tudo como num passe de mágica.
Finney (1792-1875) foi um dos maiores avivalistas da história da Igreja. Sua vida e a frase acima citada parecem nos arremeter em uma direção diferente - embora não seja nada nova - de busca por avivamento. Faço coro com os que não acreditam que oração pode mudar o coração de Deus. Não! Definitivamente, não! Acreditar nisso é ver Deus a partir de quem nós somos. E Deus não é como o homem. Mas “oração e comunhão direta com Deus”, o que também inclui a meditação na sua Palavra, é o modo de mudar o nosso coração em relação ao coração de Deus.

“Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar um futuro e uma esperança. Então me invocareis, passareis a orar a mim, e eu vos ouvirei. Buscar-me-eis, e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração. Serei achado de vós, diz o Senhor, e farei mudar a vossa sorte;”. Jr 29.11-14a

Não é o coração de Deus que se desvia do bem. Não é o coração dele que precisa ser convencido à prática da misericórdia, do perdão, da humildade, do socorro aos necessitados, da fidelidade e do amor incondicional. Não! É o nosso coração! Mas essa mudança só acontece em nós quando recebemos essa injeção de vida, de caráter de Deus. A prescrição dessa injeção foi dada mesmo antes da queda do homem. Em Gênesis 2.9 é ressaltado a criação de todas as árvores agradáveis à vista e boas para alimento, além de outras duas, a árvore da vida, no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal. Nos versículos 16 e 17 do mesmo capítulo é registrada a ordenança de que não se comesse da árvore do conhecimento do bem e mal, apenas dela. Sempre foi propósito de Deus que o homem fizesse uso do fruto da árvore da vida, e todos os dias, o Senhor, pessoalmente, descia pra servir o homem com este banquete: “E, ouvindo a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim à tardinha, esconderam-se o homem e sua mulher da presença do Senhor Deus, entre as árvores do jardim. Gn 3.8. O Senhor descia e vinha ter comunhão com o homem. Ele sempre fez questão de imprimir no homem os seus pensamentos e seu caráter. E mesmo quando o homem decidiu se esconder e se perder de Deus, ele manifestou sua disposição em se fazer homem, para reconciliá-lo consigo mesmo, por meio de Jesus (Gn 3.15).

Penso que não temos recebido porque temos pedido mal. Sempre foi propósito de Deus que estivéssemos impregnados com a sua vida. E estar impregnado da vida de Deus não é apenas ter incríveis experiências eventuais, mas é viver com Deus, é andar com Deus, é amar com o seu amor, mesmo em casa, depois do culto, ou no trabalho, longe dos “irmãos”. Ser avivado é desejar a sua presença, a ponte de independente de sentimentos, escolhermos buscá-lo toda tardinha, pela consciência de que não existe nada que nos faça mais vivos e vivificados que a sua presença, a sua comunhão... a única coisa que pode mudar o nosso pensar, o nosso agir, e consequentemente, toda a atmosfera espiritual ao nosso redor e ao redor de quem amamos, de modo a termos nós, nossas famílias, nossa nação, e as demais nações tocadas por nós, um presente e um futuro de vida, esperança e paz.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Suscita, Senhor! Suscita em mim!

No trigésimo segundo ano do rei Artaxerxes, rei de Babilônia, após ter passado certo tempo com o rei, o profeta Neemias resolve voltar à Jerusalém, e mais uma vez se vê consumido pelo zelo da casa do Senhor. Os profetas não tinham reconhecimento oficial como os sacerdotes e levitas. Não eram herdeiros do ofício, por linhagem familiar. Eram marginais da religião. Surgiam sem que fossem esperados. Falavam sem que fossem convidados a isso, e ainda que não fossem ouvidos, inclusive, e/ou principalmente pelos levitas e sacerdotes do Senhor. Tal ministério sem título, sem reconhecimento, era legitimado apenas pela autoridade do vento que sopra onde quer, ainda que não se saiba de onde vem ou para onde vai. Com essa autoridade Neemias ordena a limpeza de todas as câmaras da casa do Senhor, e ele mesmo lança fora todos os móveis de Tobias, que ocupava uma dessas câmaras por consentimento do sumo sacerdote Eliasibe. Não é estranho que Tobias, um amonita, estivesse fazendo de moradia uma câmara da casa de Deus, exatamente onde se deveriam encontrar os utensílios consagrados para o serviço do Senhor, as ofertas de cereais e o incenso? Um filho de Belial ocupava a casa do Senhor, de modo que o serviço do Senhor viesse a cessar, as ofertas deixassem de ser entregues, e a fumaça do incenso não encontrasse mais a presença de Deus!

“Ou não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que habita em vós, o qual possuís da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos?” 1Co 6.19

“E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rm 12.2

Definitivamente, não creio que seja outro tipo de jejum que o Senhor esteja esperando de nós, senão a abstinência de idéias, vícios, pensamentos, atitudes aparentemente insignificantes do nosso dia-a-dia, mas que escravizam nossos sentimentos e emoções à coisas fúteis e ilusórias, que freiam a nossa caminhada diária de relacionamento com Deus, de conhecimento dele, de conversa alimentada pela fome insaciável de tê-lo e conhecê-lo mais do que a qualquer outra coisa ou pessoa. São filhos ou filhas de asdonitas, amonitas e moabitas, vizinhos e camaradas nossos, que convidamos a sentarem nas nossas salas, sem percebermos que com eles estamos construindo convivência mais forte e intensa do que com aquele que é o legítimo dono das nossas casas, e verdadeiro apaixonado por nossas almas.
Meu Deus! Suscita em mim! Suscita em nós os marginalizados! Aqueles anônimos, sem rosto nem causa própria. Que descobrem a simplicidade do caminho da limpeza da casa, que somos nós mesmos. Que se lembrem, e soprem sobre outros a lembrança do serviço, das ofertas, do incenso, do relacionamento que tão desesperadamente buscamos em tantas coisas vãs, mas que somente em ti, apenas em ti encontraremos!

sexta-feira, 31 de julho de 2009

A Minha Casa

E foram para Jerusalém. E entrando ele no templo, passou a expulsar os que ali vendiam e compravam; derrubou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas. Não permitia que alguém conduzisse qualquer utensílio pelo templo; também os ensinava e dizia: Não está escrito: Minha casa será chamada casa de oração para todas as nações? Vós, porém, a tendes transformado em covil de salteadores. E os principais sacerdotes e escribas ouviam estas coisas e procuravam um modo de lhe tirar a vida; (...). Marcos 11: 15-18.

Não os nossos templos! Mas nós somos o que aquele templo representava. Somos morada do Senhor. Somos sua casa. O lugar onde Ele pode ser achado, mais facilmente. O templo onde escolheu morar, não para ser “objeto” de adoração, mas para ser nosso Deus, e Pai. Somos sua Igreja. Mas parece que a História teimosamente se repete. Pois continuamos transformando o que deveria ser uma casa de oração, um lugar de comunhão, de conhecimento de, e relacionamento com Deus, uma casa de socorro, de doação, de cura e de graça, em uma casa de barganhas, de comércio, infestada de ladrões e salteadores! É... Porque, dê o nome de quiserem dar... indulgências, bênçãos, prosperidade, oração forte, quebra disso, quebra daquilo... mas continuamos vendendo, tentando estipular o tamanho ou a quantidade de semente que cada cristão, suado, deve dar... Obviamente, não para socorrermos os órfãos e as viúvas, mas para ostentarmos a glória dos nossos templos, o crescimento de nossas “obras”. Para sustentarmos o peso das nossas instituições, que falam muito mais de nós mesmos do que de Deus! Que bradem as vozes, que ressoem as trombetas, que desçam os chicotes, ainda que se ponham as gargantas, ou a própria vida em risco... a minha casa, diz o Senhor, será chamada casa de oração para todas as nações.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Amar...

Ação
relacionaMento
doAção
pRontidão

Amar é mais do que sentir. Aliás, o sentimento é uma conseqüência natural do amor. Amar é ação. É verbo. É atitude. É movimento que principia não no objeto do amor, como uma reação, mas sempre no sujeito.
Amar é andar junto. É tocar. É deixar-se sentir tocado. É conhecer e deixar-se fazer conhecido. É não ajuntar-se, apenas, mas unir-se efetivamente, tendo, portanto, no outro, um igual.
Amar é doar. E doar não é dar como quem espera. Doar é graça. É dar de graça, sem esperar resposta, ou esperar que seja primeiro esperado.
Amar é mais do que escrever, falar, declamar... É estar por perto, ainda que estando longe, sempre que se precise. É mesmo antes disso... Viver de prontidão!

segunda-feira, 27 de julho de 2009

O poder da palavra

É inegável o fato de que devemos ser otimistas frente a todas as situações, não obstante, quão difíceis elas possam se apresentar. Mas me preocupa a ênfase data à confissão, pela simples confissão. Sem dúvida nossas palavras e atitudes devem estar em consonância com a fé que professamos. Mas será que não estamos sofrendo uma equivocada tendência de colocarmos o carro na frente dos bois? A Palavra de Deus nos ensina que tudo o que pedirmos ao Pai em nome de Jesus, nos será feito. Mas será que não estamos mais uma vez nos equivocando na compreensão deste ensinamento? Creio que pedir “em nome de Jesus” não é usar esta expressão como uma palavra mágica, ou coisa do gênero. Creio que pedir “em nome de Jesus” é pedir de acordo com a vontade de Jesus. Portanto, o ensino deve ser interpretado como: “Tudo o que você pedir ao Pai, sendo isso de acordo com a vontade e os princípios ensinados pelo Filho, te será concedido”. O Filho nos manifestou o Reino de Deus, que se fundamentou nele mesmo, sendo ele mesmo, a própria manifestação do Reino. Os súditos do Reino devem manifestar o caráter do Pai, como o fez o próprio Filho. Portanto, devem visar em todas as coisas, glorificar a Deus amando-o sobre todas as coisas e aos seus próximos como a si mesmos. Então, antes de qualquer palavra ou atitude, suas motivações devem ter como fundamento o bem comum. O bem de quem pede, e o bem do seu próximo. Esta é a vontade de Deus. Isso é o que Jesus fez. Entender o que ele fez e ensinou resulta em fazer o que ele fez e em viver o que ele ensinou. E isso é ter fé. A fé que deve anteceder toda palavra que se pretenda ter algum poder.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Sei quem Ele é...

“Oh, como pesa o Teu braço sobre mim! A Tua mão está sobre mim o dia todo! Não lembras que sou apenas homem e que tu és Deus?” Lamentamos como Jeremias... Protestamos transtornados de sede por justiça, clamando contra o Altíssimo, como o “justo” Jó! “E mesmo quando oro e clamo por socorro, tu apagas as minhas orações! O que posso mais fazer? Já não tenho mais forças... Quem sabe, deixarei a vida me levar, se ainda me restar alguma! Já não tenho esperança no Senhor...”
Mas... Quem O conhece não O esquece jamais! Ainda que no último instante... quando de fato nenhuma força mais resta em nós, num lapso, um flash de honestidade nos alveja e confessamos: “Chega... não O convenço! Nem a mim, mesmo! Sei que a Sua bondade é eterna. Sei que não importa o quanto densas tenham sido as minhas trevas, Suas misericórdias se renovam a cada manhã. Eu O conheço. Sei que Ele é fiel. Ele entrou em aliança comigo! E Sua fidelidade não está condicionada à minha, mas a quem Ele é! Eu sei quem Ele é...! Colocarei meu rosto no pó... Reconhecerei que não posso mais culpá-lo por permitir que eu colha o que eu mesmo plantei. Porei minha confissão perante Ele, pois não me rejeitará para sempre... Suas misericórdias não tem fim. Nada é maior que Sua fidelidade. Sei quem Ele é...”.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Nossa Maior Maldição!

O Éden era repleto de todas as espécies de árvores frutíferas que jamais se pode imaginar. Dentre elas, duas eram, cada uma a seu próprio modo, especiais. A árvore da Vida, da qual todo homem era convidado a comer. E a árvore do Conhecimento, à qual todo homem era alertado a evitar.
Ao invés da Vida de Deus, o homem preferiu o Conhecimento. A vida de Deus fala de dependência. O Conhecimento, por sua vez, fala de auto-suficiência. Era a oportunidade que o homem vislumbrava de dizer: “Eu sou bom, em mim mesmo. Posso andar com minhas próprias pernas. Sei como fazer. Sou insuperável! Conheço todo o bem e todo o mal. Sou como Deus! E se sou como Ele, não preciso dEle. Eu me basto!”
Mas essa não foi a escolha de um homem, ou uma mulher! Essa foi, como ainda tem sido, a escolha da humanidade!
A maior frustração humana é a de ter fracasso na sua empreitada de ser semelhante ao Altíssimo. “Uma ínfima partícula da Sua glória”, era o que ele desejava. E por mais que tivesse tentado, por meio de tanto esforço, estudo e até negociações e barganhas com Deus, o homem nunca conseguiu enxergá-la em si mesmo, embora a pudesse contemplar em seu próximo, quem, a seu ver, não era tão digno quanto ele mesmo o era.
A maldita síndrome de Lúcifer, acompanha a humanidade desde Adão, Caim, Jó, Mirian, José do Egito, Saul, Absalão, Jeremias, Amós, Jonas, Judas, até a mim, e a você, caro leitor. Enquanto trocamos a oportunidade de somar pela tentativa de usurpar os melhores lugares, a respeito do que nos alertou o Mestre dos mestres, ouviremos sempre a mais alta de todas as vozes nos lembrar: “A minha glória, a outro, não darei... embora sempre exaltarei, Eu mesmo, o meu poder, na fraqueza daqueles, de espírito quebrantado.”

sábado, 21 de março de 2009

O que me resta?

Em Mateus 26, versos 1 a 16, nos é dado uma descrição bastante intrigante de três episódios da vida de Jesus. Primeiro os lideres religiosos judeus tramavam prendê-lo para matá-lo. Depois, estando Jesus na casa de um certo Simão, conhecido como “o leproso”, uma mulher rompendo formalidades socioculturais – e porque não religiosas! – surpreende a todos, inclusive aos discípulos, com um presente ao Senhor de 300 denários, o que correspondia a um ano de trabalho na época. Por último, nos surpreendemos com um outro presente, este, partindo de um dos Seus discípulos amados. De um dos que estiveram com Ele todo o tempo. Que literalmente, comeu do Seu prato! Este lhe deu o presente de traí-lo por 30 moedas de pratas!
Que ironia, não! Um dos que estavam com Ele, ouvindo, e supostamente aprendendo, há três anos, lhe deu as costas. E o mais triste, é que ele foi apenas o primeiro dos seus discípulos a fazê-lo... Mas um leproso, um impuro, um de quem nós seríamos (ou somos) ensinados a manter distância, o acolheu em sua casa! E uma mulher... sim, porque naquele contexto uma mulher não era muito. Por certo ela nem havia sido convidada, afinal, ela era apenas uma mulher! Mas uma mulher, que segundo palavras do próprio Jesus transcritas por Marcos, lhe “fez tudo o que pôde”!
O que me resta??? Bem, porque não apenas orar: “Senhor... que a cada dia eu escolha ser essa mulher, ou esse leproso! Que eu tenha a graça de entender no mais profundo do meu ser esta maravilhosa graça que me ama assim, como eu sou e estou! Graça que, quando transcende a minha capacidade de compreensão humana fazendo-se assimilada em meu espírito, impele o meu ser a entregar a ti tudo o que eu tenho e sou a cada dia... porque ela resulta na compreensão de que tudo, exatamente tudo o que tenho sonhado, planejado, vivido, tudo o que fui e o que tive, tudo que vivi e o que viverei, tudo o que terei, mesmo aquilo tudo que está infinitamente mais além do que já pedi ou pensei... tudo, vem de ti, é por ti, e para ti”!

quarta-feira, 18 de março de 2009

Pensando o Reino...

O Reino de Deus não tem limite de espaço geográfico ou temporal. Ele não está estabelecido sobre a Igreja, apenas. A Igreja é parte do Reino, ela é formada pelos de terra boa, pelos que são trigo, e tem a responsabilidade de influenciar, vivendo os princípios eternos, bem como, proclamando-os. Mas o Reino também se estende sobre os que não são. Na verdade, o Reino é uma realidade sobre tudo e todos. Sobre os bons e os maus. Sobre os justos e os injustos. Sua misericórdia perdura, até o grande dia, quando a palavra proclamada por Jesus, em quem se estabelece o Reino, será cumprida definitivamente, consumando-se plenamente a justiça sobre os justos justificados, e o juízo sobre os injustos.

INDO...

segunda-feira, 9 de março de 2009

Não é bom que o homem esteja só!

“Não é bom que o homem esteja só”, disse Deus em relação ao primeiro homem. E quem não concordaria com Ele!!! Embora a solitude seja, inclusive, uma necessidade de todo ser humano, a solidão não lhe acrescenta em nada. Pelo contrário, só lhe adoece. Jesus, horas antes de ser preso, nos deu uma bela demonstração disso: “Então chegou Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani, e disse a seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto vou além orar. E, levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se muito. Então lhes disse: A minha alma está cheia de tristeza até a morte; ficai aqui, e velai comigo. E, indo um pouco mais para diante, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres”. (Mateus 26:36-39) Apesar da necessidade de meditação, de “conversar um pouco com os seus próprios botões”, de ponderar, longe das vozes mais comuns do seu dia-a-dia, a respeito do que ele haveria de enfrentar, Jesus não desejou a solidão. Ele convidou os seus três amigos mais chegados para estarem com ele naquele momento tão íntimo e doloroso, embora necessitasse de uma breve distância mesmo deles: “E, indo um pouco mais para diante, prostrou-se sobre o seu rosto, orando...”.
Sim, a solitude contribui para a saúde emocional do homem. Mas a solidão lhe adoece, posto que ela seja uma traição à sua natureza. Fomos feitos à imagem e semelhando de Deus, e Ele, nunca esteve só. “Façamos”, disse Ele (Gênesis 1:26a). A trindade, união perfeita dos três iguais, era, como sempre foi, e sempre será! Em Gênesis 1:2, “o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas”. Em João 1:14, a Palavra tornou-se carne, viveu entre nós, e vimos a sua glória, glória como do Unigênito do Pai. A mesma Palavra que no versículo primeiro deste mesmo capítulo, estava no princípio com Deus, e era Deus. Não, à semelhança de Deus, “não é bom que o homem esteja só; farei para ele alguém que o auxilie e o corresponda” (Gênesis 2:18).
Daí nasce algumas questões. Das quais:

Como encontrar esse alguém?
Devo agir, ou esperar que Deus me traga?
Como discernir qual a pessoa da vontade de Deus pra mim?

Em Romanos 12:2, Paulo diz que a vontade de Deus é sempre boa, perfeita e agradável. Mas, somente quando temos a nossa mente ou entendimento transformados, em relação ao sistema do mundo, é que podemos experimentá-la. É fundamental que andemos segundo os princípios de Deus para que possamos fazer as melhores escolhas, de modo a alcançarmos a nossa “boa, agradável e perfeita”!
Então, quais os princípios de Deus, em termos de relacionamentos? Ora, o único em termos de qualquer coisa na vida:

“E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas”. (Mateus 22:37-40)

Em 1Coríntios 16:14, Paulo fala: “Todas as vossas coisas sejam feitas com amor”. Isto é, a força motora de todas as nossas atitudes, expectativas e relacionamentos, deve ser o amor. Mas, como posso entender o que é o amor? Talvez esta frase te faça pensar na resposta:

“Meu Pai, se for possível, afasta de mim este cálice; contudo, não seja como eu quero, mas sim como tu queres.” (Mateus 26:39)

Ou seja, o princípio do amor não é um sentimento. O amor é antes de tudo, uma escolha de atitude. Um culto racional. O sentimento é o resultado disso tudo.

“Como vocês querem que os homens lhes façam, façam também vocês a eles.” (Lucas 6:31)

Portanto, antes de começar qualquer relacionamento, eu devo pensar: “Estou disposto a amá-la como eu gostaria de ser amado?” Este é o primeiro passo a ser observado.
Um segundo está no fato de que o propósito de Deus foi que o homem tivesse uma “adjutora”, ou seja, não alguém que estivesse abaixo ou acima, mas do lado do homem. Alguém que pudesse sonhar para construir na vida, com ele, e com quem ele pudesse sonhar, também. Não é uma questão de abrir mão da própria vida para viver em função da vida do outro, mas uma somatória, de modo que os dois se tornem um.
E por último, é necessário ter a confiança de que Deus é Deus, e não homem. Muitas vezes detectamos alguma compatibilidade de sonhos, projetos, ministérios e sentimentos, mas ainda decidimos ficar orando, para Deus falar se é a vontade dEle ou não! Ora, não é que Deus não tenha interesse na nossa vida sentimental. Sem dúvida Ele tem. Mas se eu não sou capaz de escolher com quem eu quero passar o resto da minha vida, é porque eu ainda não estou suficientemente adulto para casar. E a uma criança, Ele, como um pai zeloso, não vai mandar casar. Porém, se eu já sou suficientemente adulto, então Ele nem vai precisar falar. Eu terei a maturidade suficiente para discernir as situações e fazer escolhas.
Quanto à vontade dEle, a vontade é dEle, e Ele é Deus, “poderoso para fazer infinitamente mais, além do que tudo aquilo que pedimos ou pensamos, pelo seu poder que opera em nós” (Efésios 3:20). Se a vontade é dEle, Ele é que tem que se preocupar em cumpri-la. A mim, basta apenas confiar, e caminhar, na tranqüilidade de que aquEle que quer me ver crescer, é o mesmo que cuida de mim.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Mulheres, estejam... CALADAS???

A Torá, Antigo Testamento para os cristãos, é sem dúvida, palavra de Deus, tanto para judeus, quanto para cristãos. Porém, os judeus também eram fortemente influenciados pela chamada tradição oral, que evidentemente, jamais pode ser considerada como inspiração divina, uma vez que ela é resultado de interpretações variadas da Torá e da própria vivencia sociocultural do povo judeu. Ela corresponde às chamadas tradições de usos e costumes entre os evangélicos.
Em um dos seus escritos, o apóstolo Paulo cita uma dessas tradições orais que parecia estar querendo permanecer emaranhada entre os cristãos, que a exemplo dos gálatas, volta e meia tendiam a “desertar daquele que os havia chamado na graça de Cristo, para outro evangelho” (Gl 1:6).

Em 1Co 14:33b-35, Paulo disse:
“Como em todas as igrejas dos santos, as mulheres estejam caladas nas igrejas; porque lhes não é permitido falar; mas estejam submissas como também ordena a lei. E, se querem aprender alguma coisa, perguntem em casa a seus próprios maridos; porque é indecoroso para a mulher o falar na igreja.”

Ora, é no mínimo um contra-senso que Paulo esteja se embasando na lei judaica para doutrinar os cristãos de Corinto. Vejam o que ele escreveu aos gálatas:

“Pois busco eu agora o favor dos homens, ou o favor de Deus? ou procuro agradar aos homens? se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo. Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado não é segundo os homens; porque não o recebi de homem algum, nem me foi ensinado; mas o recebi por revelação de Jesus Cristo. Pois já ouvistes qual foi outrora o meu procedimento no judaísmo, como sobremaneira perseguia a igreja de Deus e a assolava, e na minha nação excedia em judaísmo a muitos da minha idade, sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais. Mas, quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou, e me chamou pela sua graça, revelar seu Filho em mim, para que eu o pregasse entre os gentios, não consultei carne e sangue, (...). Porque, se torno a edificar aquilo que destruí, constituo-me a mim mesmo transgressor. Pois eu pela lei morri para a lei, a fim de viver para Deus. (...). Não faço nula a graça de Deus; porque se a justiça vem mediante a lei, logo Cristo morreu em vão.” Gl 1:10-16; 2:18-19,21.

Portanto, as palavras de Paulo em 1Co 14:33b-35, não são exatamente de Paulo! Acompanhem-me... Desde o capítulo 12 da carta aos coríntios, Paulo ensina sobre os dons espirituais na Igreja. A partir do versículo 26 do capítulo 14, no entanto, o apóstolo começa a falar sobre a ordem no culto, com respeito ao uso dos dons. Já nos versículos 31 e 32 ele diz: “Porque todos podereis profetizar, cada um por sua vez; para que todos aprendam e todos sejam consolados; pois os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas;”. É claro, que ele não impõe restrições, absolutamente! TODOS podem profetizar, apenas com uma ressalva, sujeitem-se, uns aos outros, quanto à ordem em que vocês profetizam, “porque Deus não é Deus de confusão, mas sim de paz.” (v. 33a).
Na segunda parte do versículo 33, abruptamente, sem nenhum sinal de que estaria mudando de assunto, Paulo começa a citar o tão polêmico texto onde ele, supostamente, estaria ensinando os corintos que as mulheres deveriam guardar completo silêncio na igreja (vs. 33b-35). Mas, observem com atenção... No versículo 36 ele parece “mudar de canal” novamente. Ele rompe com duas interrogações: “Porventura foi de vós que partiu a Palavra de Deus? Ou veio ela somente para vós?”. Repare que ele na verdade estava dizendo: “Todos podem ordenadamente profetizar, mas há os que insistem nas suas antigas tradições de que a mulher deve participar passivamente das celebrações. Mas eu pergunto, foram vocês que inspiraram a palavra de Deus? Ou foi Ele mesmo? Ou veio ela somente para vocês? Ou veio para todos os que são chamados pelo nome do Senhor? Porque nele, em Cristo, “não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus (Gl 3:28)”.”

Ficou claro? Portanto, amadas do Senhor, vocês que trazem cor à vida, e leveza à nossa existência... podem falar!!! Vocês são livres no Senhor! Mas... só não exagerem!!! rsrsrs... Façamos, todos nós, “tudo decentemente e com ordem” (v. 40).

No Senhor, que generosamente nos deu o mais belo de todos os presentes... Elas!

(Bíblia Sagrada, Versão revisada da Tradução de João Ferreira de Almeida de acordo com os melhores textos em hebraico e grego – HAGNOS).

terça-feira, 3 de março de 2009

“Este é o meu Filho, o meu Eleito; a ele ouvi”

Moisés e Elias conversando com Jesus, completamente transfigurado numa aparência de glória pura! Que cena incrível! Não é de se admirar que Pedro tenha dito: “Mestre, como é bom para nós, que estejamos aqui!” Lc 9.33a. Os dois pilares da manifestação de Deus ao seu povo, a Lei (Moisés) e os profetas (Elias), enquanto conversavam com Jesus, trazendo-lhe o mais puro entendimento e a mais clara revelação sobre o significado de seu sacrifício, que ocorreria nos dias seguintes em Jerusalém, estavam ao mundo testemunhando: “Ele é a manifestação maior. Era dele que nós dizíamos a respeito!”.
Ah!!! Se nós ouvíssemos os profetas! Quem dera os entendêssemos! O coração de Pedro, no entanto, revelou o nosso! Embebedamo-nos com as maravilhas das manifestações de Deus através dos seus profetas, e equivocadamente, reverenciamos os mensageiros, em detrimento da Mensagem.

“(...). Façamos três tendas: uma para ti, uma para Moisés e uma para Elias”. Lc 9.33b

E como é difícil para esses mensageiros, que não são absolutamente nada além do que qualquer um de nós é: pecadores alvejados pela maravilhosa graça do único que é. Como é desgastante ver a sua luta duplicada, acentuada, uma vez que, como meros humanos já lutam constantemente contra a sua natureza intrinsecamente orgulhosa e rebelde. E além da sua luta que é própria, ainda precisam lutar contra a rebelião daqueles que lhes assistem, para que esses não os confundam com a Mensagem, fazendo deles o seu alvo de adoração camuflada em admiração e/ou “lealdade” quase que (ou de fato) cegamente incondicional. Sim! Os que são honestos à Mensagem, fatalmente sofrem esse upgrade no peso de suas lutas e responsabilidades enquanto mensageiros amantes da Mensagem. Os que nenhum peso mais sente, e pelo contrário, muitas vezes alimentam essa adoração maciça, ou essa “submissão” desprovida de razão e consciência própria, tão cego ou mais, que seus discípulos, estão.

“Este é o meu Filho, o meu Eleito; a ele ouvi”. Lc 9.35

Ao ver a nuvem da presença de Deus envolvendo-os, os três discípulos presentes na ocasião, Pedro, Tiago e João, ficaram aterrorizados. E quem não ficaria? A poderosa e santa presença de Deus nos descobre totalmente. Tornamos à mesma posição de Adão, no Jardim. Nossa loucura é descoberta, é exposta. Porém, embora “Justiça e juízo são a base do (Seu) trono; misericórdia e verdade irão adiante do (Seu) rosto.” Sl 89.14. Aleluia!!! Ele nos descobre da nossa prostituição espiritual, para nos cobrir com a sua misericórdia e verdade:

“Este é o meu Filho, o meu Eleito; a ele ouvi”.
“Este é o meu Filho, o meu Eleito; a ele ouvi”.
“Este é o meu Filho, o meu Eleito; a ele ouvi!”.

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Sem essas malditas lentes

Nos dias de Jesus, um oficial do exercito romano vê um dos seus servos doente, quase a morrer. Ele estava moribundo, mas era sortudo. Tinha um senhor que o estimava muito e que tinha fé! Fé... Como há confusão a respeito de fé! Mas este centurião tinha fé.
O oficial solicitou alguns religiosos que fossem até Jesus, para que ele viesse curar o doente. “Talvez eles sejam os mais indicados”, ele deve ter pensado. “Afinal, eles devem ser os que estão mais perto de Deus!!!”. “Você deve ajudá-lo”, disseram os religiosos. “Ele construiu nosso “templo” e ama nossa nação!”.
Nesse ínterim, algo parece estar acontecendo no coração e na mente do oficial. Sua ótica sofre um amadurecimento. “Não! Ele nem precisa vir aqui! Não sendo quem Ele é! (Mt 16.16 - E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo; 26.53 - Ou pensas tu que eu não poderia agora orar a meu Pai, e que ele não me daria mais de doze legiões de anjos?)”. E continuou o centurião... “Vou enviar outros... não! Talvez eles não entendessem. Eles o olham pelas lentes dos seus templos, “dogmas” e tradições. Vou enviar meus amigos. Suas lentes são limpas!”.

Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer”. Jo 15.15

Ter fé, não é apenas acreditar no que o Senhor pode fazer. Mas acima de tudo, é saber quem Ele é. Esta é a Fé a que nós somos chamados. Não a do esforço humano de se re-ligar a Deus, fazendo-se merecedores de qualquer bem. Mas aquela que reconhece quem nós somos e quem Ele é. A da consciência de redimidos, que confiam no Seu caráter, a qualquer tempo, e sob quaisquer circunstâncias. A fé de quem sabe, que a maldição chamada religião jamais pode substituir o verdadeiro e simples relacionamento com o melhor e mais fiel de todos os amigos. Jesus de Nazaré. O Cristo de Deus.

Baseado em Lucas 7.1-10

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

A Cura – Mc 8:22-26

“Assim que Jesus e seus discípulos entraram em Betsaida, algumas pessoas trouxeram-lhe um homem cego e suplicavam-lhe que tocasse o homem” (*CEV). Sempre! Não importa o quão espiritual, disciplinado ou maduro nós sejamos, sempre haverá momentos em que, conscientes ou não, nos encontraremos como que cegos. Mas, como é bom ter amigos! Como é bom ter um irmão amigo! Uma esposa amiga! Um “amigo” amigo! Nesses momentos, são os amigos que nos guiarão até que sejamos tocados novamente.
Enquanto na posição de amigos, também podemos entender que Deus tem seus próprios métodos e tempo. Às vezes o guiado precisará de mais de um toque! Razão? Somente Aquele que lê a mente do Senhor pode saber. Mas uma coisa é certa. Ele faz. E a Seu tempo! Poderíamos passar toda a eternidade tentando descobrir se os sete “dias” foram dias literais ou eras... chegaríamos todos à uma mesma conclusão: Ele fez! E a seu próprio tempo! Ele não parece ter pressa.
Por último, vemos o interesse do Senhor na salvação do homem, integralmente. Uma vez curado, Jesus disse ao cego: “Você deve retornar para sua casa agora, mas não entre no povoado” (*CEV). Corremos um sério risco de nos perdermos se passarmos em nossos trabalhos, ministérios, estudos, etc., antes de passarmos em casa. Minha casa, minha família, é parte de minha identidade. Ainda os que renegam os seus familiares, trazem indissolúveis traços como herança. Minha família é parte de quem eu sou. E Jesus, Ele nunca pensou em parte de mim, apenas. “Ele ama todo "eu"!” Ele quer curar tudo o que me diz respeito. Portanto, não só a mim, mas também a minha casa.

* CEV – Contemporary English Version.

O Uso Equilibrado de Dons e Talentos

Segundo a palavra de Deus, os dons espirituais são dispensados pelo Espírito Santo entre os salvos em Cristo, para benefício e edificação comum. O Espírito manifesta diversos dons, através de diversas pessoas, segunda a sua soberana vontade e sabedoria. Os dons não são a princípio, nem jamais se tornam propriedade do indivíduo através do qual ele é manifesto, posto que “um só e o mesmo Espírito realiza todas estas coisas” 1Co 12.11a.
Talentos, embora também venham da parte de Deus para o homem (“porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas” Rm 11.36a), são habilidades naturais que devem ser desenvolvidas por meios pedagógicos. Requerem uma participação efetivamente prática e racional, da parte da pessoa que por elas foi dotada. Assim, quem demonstra natural facilidade para tocar um instrumento, cantar, desenhar, ensinar, e etc., precisa desenvolver essa disposição natural, seja autodidaticamente ou com o auxílio de segundos.
Alguns dons espirituais, no entanto, são curiosamente manifestos a partir de uma sincronia entre o desenvolvimento e uso do talento, mais a operação sobrenatural do Espírito Santo. Em Romanos 12.5-8, a palavra diz: “Assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros. De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada, se é profecia, seja ela segundo a medida da fé; Se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino; Ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria”. Enquanto alguns dons parecem se manifestar no/através do indivíduo de modo totalmente sobrenatural e espontâneo, outros são o resultado de uma parceria entre o doador e o graciosamente presenteado. Posto que a fé resulte do ouvir, do absorver, do comer da palavra de Deus, aquele que profetiza precisa fazê-lo para profetizar devidamente. O que serve, deve se especializar quanto às práticas das suas funções, estejam elas voltadas a recursos humanos, de inteligência mecânica, digitalizada, ou a quaisquer outras áreas. O que ensina deve dedicar-se, tanto a aprender mais apropriadamente as mais diversas facetas do seu objeto de ensino, como a diversos recursos, meios e técnicas facilitadoras da aprendizagem por parte de seus aprendizes. O que exorta dedique-se à disciplina de fazer uso do dom como é devido, e não o tenha como uma ferramenta de influencia controladora e de dominação. O que tem, escolha ser generoso. O que preside tenha o cuidado de buscar ser sempre mais eficiente e justo, zelando em todo o tempo pelo bem comum. O que se sente inclinado a socorrer o necessitado, o doente e o aflito, não o faça mecanicamente, mas tenha sempre um adicional a conceder. Tenha sempre um sorriso, uma palavra amiga, um toque caloroso.
A mim parece que o equilíbrio entre o uso dos dons espirituais e dos talentos, está no desenvolvimento destes, de modo a se tornarem meio e/ou ferramentas complementares à manifestação e operação daqueles.

Whitefield - Um exemplo a ser seguido!




George Whitefield (1714-1770) foi o caçulo dentre os sete filhos de Thomas e Elizabeth Whitefield. Thomas era dono de um hotel chamado Bell Inn em Gloucester, Inglaterra. Era o maior da cidade. Em um dos seus auditórios, freqüentemente se exibiam peças teatrais. Ali, George teve a oportunidade de, embora ainda muito novo, tornar bastante perceptível seu incrível talento para a dramatização e a oratória. Ele não apenas lia constantemente várias peças teatrais, como sempre faltava a escola para ensaiá-las.
Com a morte de Thomas e um segundo casamento mal sucedido para Elizabeth, George e sua família tiveram que enfrentar a completa falência. Elizabeth sempre teve bastante admiração pelo talento de George, e o fez continuar estudando enquanto seus outros seis filhos trabalhavam para o sustento da casa.
Aos 17 anos de idade, George Whitefield e sua mãe conseguiram, apesar da difícil condição financeira, realizar o sonho de ingressar na Universidade de Oxford. Ele precisou se submeter a ir como “servidor” para conseguir estudar. O servidor era um aluno que lavava as roupas, lustrava os sapatos e fazias diversos serviços para outros dois ou três alunos endinheirados. Ele vestia roupas doadas por esses mesmos alunos, bem como dependia de qualquer dinheiro que deles ganhava.
George sempre foi extremamente esforçado, e desde cedo, buscava fazer boas obras para ser merecedor do favor de Deus. Seu esforço chamou a atenção de membros de um pequeno grupo que viria a ser chamado de Clube Santo. Na ocasião, eles eram apontados pejorativamente como metodistas, pela sua conduta moral e religiosa, tida como bastante rígida. George se tornou um deles e a sua busca por Deus se intensificou ainda mais. Certo dia, ele encontrou um antigo livro – A Vida de Deus na Alma do Homem – de um escocês chamado Rev. Henry Scougal. Com esta leitura, ele aprendeu sobre a ineficiência das obras quanto à salvação, e a grandeza da graça e da salvação pela fé. A partir de então, sua espiritualidade se intensificou ainda mais. No entanto, o objetivo não era mais se fazer merecedor do favor do Senhor, mas era se manter focado no seu serviço ao seu Mestre e Salvador.
Mesmo depois da sua ordenação, George não foi muito bem visto por causa da sua postura teológica e seu discurso um tanto quanto profético, contra alguns clérigos, pelos quais ele orava para que experimentassem o novo nascimento. Sem espaço para pregar nas igrejas, ele começou a pregar nas ruas. Seus discursos eram de um conteúdo teológico simples, porém suas habilidades oratórias e o modo como conseguia dramatizar seus sermões arrebatava a atenção de todos. George fazia uso de seu incrível talento enquanto ator e, com uma forte linguagem corporal, com uma emoção explosiva, arrancava lagrimas e provocava a conversão de milhares de pessoas num único sermão. David Garrick, um ator inglês, chegou a dizer: "Eu daria cem guineas (moeda inglesa da época – equivalente a mais de uma libra moderna) se eu pudesse dizer "Oh" como o Sr. Whitefield!" George Whitefield chegou a pregar para uma multidão de até 23.000 pessoas. Ele não apenas provocava emoção aos ouvintes, mas arrebatava-lhes a atenção e conduzia-os por uma viagem de auto-avaliação e arrependimento. Ele foi um dos estopins do Grande Avivamento do século VXIII. Um homem com uma história de devoção fascinante. Um dos heróis da fé mais admiráveis. Um homem que descobriu os seus talentos, que os desenvolveu, e os disponibilizou como recursos para a manifestação de Deus, pelo Espírito Santo, para impactar a sua geração e fazer história.