sábado, 21 de março de 2009

O que me resta?

Em Mateus 26, versos 1 a 16, nos é dado uma descrição bastante intrigante de três episódios da vida de Jesus. Primeiro os lideres religiosos judeus tramavam prendê-lo para matá-lo. Depois, estando Jesus na casa de um certo Simão, conhecido como “o leproso”, uma mulher rompendo formalidades socioculturais – e porque não religiosas! – surpreende a todos, inclusive aos discípulos, com um presente ao Senhor de 300 denários, o que correspondia a um ano de trabalho na época. Por último, nos surpreendemos com um outro presente, este, partindo de um dos Seus discípulos amados. De um dos que estiveram com Ele todo o tempo. Que literalmente, comeu do Seu prato! Este lhe deu o presente de traí-lo por 30 moedas de pratas!
Que ironia, não! Um dos que estavam com Ele, ouvindo, e supostamente aprendendo, há três anos, lhe deu as costas. E o mais triste, é que ele foi apenas o primeiro dos seus discípulos a fazê-lo... Mas um leproso, um impuro, um de quem nós seríamos (ou somos) ensinados a manter distância, o acolheu em sua casa! E uma mulher... sim, porque naquele contexto uma mulher não era muito. Por certo ela nem havia sido convidada, afinal, ela era apenas uma mulher! Mas uma mulher, que segundo palavras do próprio Jesus transcritas por Marcos, lhe “fez tudo o que pôde”!
O que me resta??? Bem, porque não apenas orar: “Senhor... que a cada dia eu escolha ser essa mulher, ou esse leproso! Que eu tenha a graça de entender no mais profundo do meu ser esta maravilhosa graça que me ama assim, como eu sou e estou! Graça que, quando transcende a minha capacidade de compreensão humana fazendo-se assimilada em meu espírito, impele o meu ser a entregar a ti tudo o que eu tenho e sou a cada dia... porque ela resulta na compreensão de que tudo, exatamente tudo o que tenho sonhado, planejado, vivido, tudo o que fui e o que tive, tudo que vivi e o que viverei, tudo o que terei, mesmo aquilo tudo que está infinitamente mais além do que já pedi ou pensei... tudo, vem de ti, é por ti, e para ti”!

quarta-feira, 18 de março de 2009

Pensando o Reino...

O Reino de Deus não tem limite de espaço geográfico ou temporal. Ele não está estabelecido sobre a Igreja, apenas. A Igreja é parte do Reino, ela é formada pelos de terra boa, pelos que são trigo, e tem a responsabilidade de influenciar, vivendo os princípios eternos, bem como, proclamando-os. Mas o Reino também se estende sobre os que não são. Na verdade, o Reino é uma realidade sobre tudo e todos. Sobre os bons e os maus. Sobre os justos e os injustos. Sua misericórdia perdura, até o grande dia, quando a palavra proclamada por Jesus, em quem se estabelece o Reino, será cumprida definitivamente, consumando-se plenamente a justiça sobre os justos justificados, e o juízo sobre os injustos.

INDO...

segunda-feira, 9 de março de 2009

Não é bom que o homem esteja só!

“Não é bom que o homem esteja só”, disse Deus em relação ao primeiro homem. E quem não concordaria com Ele!!! Embora a solitude seja, inclusive, uma necessidade de todo ser humano, a solidão não lhe acrescenta em nada. Pelo contrário, só lhe adoece. Jesus, horas antes de ser preso, nos deu uma bela demonstração disso: “Então chegou Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani, e disse a seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto vou além orar. E, levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se muito. Então lhes disse: A minha alma está cheia de tristeza até a morte; ficai aqui, e velai comigo. E, indo um pouco mais para diante, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres”. (Mateus 26:36-39) Apesar da necessidade de meditação, de “conversar um pouco com os seus próprios botões”, de ponderar, longe das vozes mais comuns do seu dia-a-dia, a respeito do que ele haveria de enfrentar, Jesus não desejou a solidão. Ele convidou os seus três amigos mais chegados para estarem com ele naquele momento tão íntimo e doloroso, embora necessitasse de uma breve distância mesmo deles: “E, indo um pouco mais para diante, prostrou-se sobre o seu rosto, orando...”.
Sim, a solitude contribui para a saúde emocional do homem. Mas a solidão lhe adoece, posto que ela seja uma traição à sua natureza. Fomos feitos à imagem e semelhando de Deus, e Ele, nunca esteve só. “Façamos”, disse Ele (Gênesis 1:26a). A trindade, união perfeita dos três iguais, era, como sempre foi, e sempre será! Em Gênesis 1:2, “o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas”. Em João 1:14, a Palavra tornou-se carne, viveu entre nós, e vimos a sua glória, glória como do Unigênito do Pai. A mesma Palavra que no versículo primeiro deste mesmo capítulo, estava no princípio com Deus, e era Deus. Não, à semelhança de Deus, “não é bom que o homem esteja só; farei para ele alguém que o auxilie e o corresponda” (Gênesis 2:18).
Daí nasce algumas questões. Das quais:

Como encontrar esse alguém?
Devo agir, ou esperar que Deus me traga?
Como discernir qual a pessoa da vontade de Deus pra mim?

Em Romanos 12:2, Paulo diz que a vontade de Deus é sempre boa, perfeita e agradável. Mas, somente quando temos a nossa mente ou entendimento transformados, em relação ao sistema do mundo, é que podemos experimentá-la. É fundamental que andemos segundo os princípios de Deus para que possamos fazer as melhores escolhas, de modo a alcançarmos a nossa “boa, agradável e perfeita”!
Então, quais os princípios de Deus, em termos de relacionamentos? Ora, o único em termos de qualquer coisa na vida:

“E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas”. (Mateus 22:37-40)

Em 1Coríntios 16:14, Paulo fala: “Todas as vossas coisas sejam feitas com amor”. Isto é, a força motora de todas as nossas atitudes, expectativas e relacionamentos, deve ser o amor. Mas, como posso entender o que é o amor? Talvez esta frase te faça pensar na resposta:

“Meu Pai, se for possível, afasta de mim este cálice; contudo, não seja como eu quero, mas sim como tu queres.” (Mateus 26:39)

Ou seja, o princípio do amor não é um sentimento. O amor é antes de tudo, uma escolha de atitude. Um culto racional. O sentimento é o resultado disso tudo.

“Como vocês querem que os homens lhes façam, façam também vocês a eles.” (Lucas 6:31)

Portanto, antes de começar qualquer relacionamento, eu devo pensar: “Estou disposto a amá-la como eu gostaria de ser amado?” Este é o primeiro passo a ser observado.
Um segundo está no fato de que o propósito de Deus foi que o homem tivesse uma “adjutora”, ou seja, não alguém que estivesse abaixo ou acima, mas do lado do homem. Alguém que pudesse sonhar para construir na vida, com ele, e com quem ele pudesse sonhar, também. Não é uma questão de abrir mão da própria vida para viver em função da vida do outro, mas uma somatória, de modo que os dois se tornem um.
E por último, é necessário ter a confiança de que Deus é Deus, e não homem. Muitas vezes detectamos alguma compatibilidade de sonhos, projetos, ministérios e sentimentos, mas ainda decidimos ficar orando, para Deus falar se é a vontade dEle ou não! Ora, não é que Deus não tenha interesse na nossa vida sentimental. Sem dúvida Ele tem. Mas se eu não sou capaz de escolher com quem eu quero passar o resto da minha vida, é porque eu ainda não estou suficientemente adulto para casar. E a uma criança, Ele, como um pai zeloso, não vai mandar casar. Porém, se eu já sou suficientemente adulto, então Ele nem vai precisar falar. Eu terei a maturidade suficiente para discernir as situações e fazer escolhas.
Quanto à vontade dEle, a vontade é dEle, e Ele é Deus, “poderoso para fazer infinitamente mais, além do que tudo aquilo que pedimos ou pensamos, pelo seu poder que opera em nós” (Efésios 3:20). Se a vontade é dEle, Ele é que tem que se preocupar em cumpri-la. A mim, basta apenas confiar, e caminhar, na tranqüilidade de que aquEle que quer me ver crescer, é o mesmo que cuida de mim.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Mulheres, estejam... CALADAS???

A Torá, Antigo Testamento para os cristãos, é sem dúvida, palavra de Deus, tanto para judeus, quanto para cristãos. Porém, os judeus também eram fortemente influenciados pela chamada tradição oral, que evidentemente, jamais pode ser considerada como inspiração divina, uma vez que ela é resultado de interpretações variadas da Torá e da própria vivencia sociocultural do povo judeu. Ela corresponde às chamadas tradições de usos e costumes entre os evangélicos.
Em um dos seus escritos, o apóstolo Paulo cita uma dessas tradições orais que parecia estar querendo permanecer emaranhada entre os cristãos, que a exemplo dos gálatas, volta e meia tendiam a “desertar daquele que os havia chamado na graça de Cristo, para outro evangelho” (Gl 1:6).

Em 1Co 14:33b-35, Paulo disse:
“Como em todas as igrejas dos santos, as mulheres estejam caladas nas igrejas; porque lhes não é permitido falar; mas estejam submissas como também ordena a lei. E, se querem aprender alguma coisa, perguntem em casa a seus próprios maridos; porque é indecoroso para a mulher o falar na igreja.”

Ora, é no mínimo um contra-senso que Paulo esteja se embasando na lei judaica para doutrinar os cristãos de Corinto. Vejam o que ele escreveu aos gálatas:

“Pois busco eu agora o favor dos homens, ou o favor de Deus? ou procuro agradar aos homens? se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo. Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado não é segundo os homens; porque não o recebi de homem algum, nem me foi ensinado; mas o recebi por revelação de Jesus Cristo. Pois já ouvistes qual foi outrora o meu procedimento no judaísmo, como sobremaneira perseguia a igreja de Deus e a assolava, e na minha nação excedia em judaísmo a muitos da minha idade, sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais. Mas, quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou, e me chamou pela sua graça, revelar seu Filho em mim, para que eu o pregasse entre os gentios, não consultei carne e sangue, (...). Porque, se torno a edificar aquilo que destruí, constituo-me a mim mesmo transgressor. Pois eu pela lei morri para a lei, a fim de viver para Deus. (...). Não faço nula a graça de Deus; porque se a justiça vem mediante a lei, logo Cristo morreu em vão.” Gl 1:10-16; 2:18-19,21.

Portanto, as palavras de Paulo em 1Co 14:33b-35, não são exatamente de Paulo! Acompanhem-me... Desde o capítulo 12 da carta aos coríntios, Paulo ensina sobre os dons espirituais na Igreja. A partir do versículo 26 do capítulo 14, no entanto, o apóstolo começa a falar sobre a ordem no culto, com respeito ao uso dos dons. Já nos versículos 31 e 32 ele diz: “Porque todos podereis profetizar, cada um por sua vez; para que todos aprendam e todos sejam consolados; pois os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas;”. É claro, que ele não impõe restrições, absolutamente! TODOS podem profetizar, apenas com uma ressalva, sujeitem-se, uns aos outros, quanto à ordem em que vocês profetizam, “porque Deus não é Deus de confusão, mas sim de paz.” (v. 33a).
Na segunda parte do versículo 33, abruptamente, sem nenhum sinal de que estaria mudando de assunto, Paulo começa a citar o tão polêmico texto onde ele, supostamente, estaria ensinando os corintos que as mulheres deveriam guardar completo silêncio na igreja (vs. 33b-35). Mas, observem com atenção... No versículo 36 ele parece “mudar de canal” novamente. Ele rompe com duas interrogações: “Porventura foi de vós que partiu a Palavra de Deus? Ou veio ela somente para vós?”. Repare que ele na verdade estava dizendo: “Todos podem ordenadamente profetizar, mas há os que insistem nas suas antigas tradições de que a mulher deve participar passivamente das celebrações. Mas eu pergunto, foram vocês que inspiraram a palavra de Deus? Ou foi Ele mesmo? Ou veio ela somente para vocês? Ou veio para todos os que são chamados pelo nome do Senhor? Porque nele, em Cristo, “não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus (Gl 3:28)”.”

Ficou claro? Portanto, amadas do Senhor, vocês que trazem cor à vida, e leveza à nossa existência... podem falar!!! Vocês são livres no Senhor! Mas... só não exagerem!!! rsrsrs... Façamos, todos nós, “tudo decentemente e com ordem” (v. 40).

No Senhor, que generosamente nos deu o mais belo de todos os presentes... Elas!

(Bíblia Sagrada, Versão revisada da Tradução de João Ferreira de Almeida de acordo com os melhores textos em hebraico e grego – HAGNOS).

terça-feira, 3 de março de 2009

“Este é o meu Filho, o meu Eleito; a ele ouvi”

Moisés e Elias conversando com Jesus, completamente transfigurado numa aparência de glória pura! Que cena incrível! Não é de se admirar que Pedro tenha dito: “Mestre, como é bom para nós, que estejamos aqui!” Lc 9.33a. Os dois pilares da manifestação de Deus ao seu povo, a Lei (Moisés) e os profetas (Elias), enquanto conversavam com Jesus, trazendo-lhe o mais puro entendimento e a mais clara revelação sobre o significado de seu sacrifício, que ocorreria nos dias seguintes em Jerusalém, estavam ao mundo testemunhando: “Ele é a manifestação maior. Era dele que nós dizíamos a respeito!”.
Ah!!! Se nós ouvíssemos os profetas! Quem dera os entendêssemos! O coração de Pedro, no entanto, revelou o nosso! Embebedamo-nos com as maravilhas das manifestações de Deus através dos seus profetas, e equivocadamente, reverenciamos os mensageiros, em detrimento da Mensagem.

“(...). Façamos três tendas: uma para ti, uma para Moisés e uma para Elias”. Lc 9.33b

E como é difícil para esses mensageiros, que não são absolutamente nada além do que qualquer um de nós é: pecadores alvejados pela maravilhosa graça do único que é. Como é desgastante ver a sua luta duplicada, acentuada, uma vez que, como meros humanos já lutam constantemente contra a sua natureza intrinsecamente orgulhosa e rebelde. E além da sua luta que é própria, ainda precisam lutar contra a rebelião daqueles que lhes assistem, para que esses não os confundam com a Mensagem, fazendo deles o seu alvo de adoração camuflada em admiração e/ou “lealdade” quase que (ou de fato) cegamente incondicional. Sim! Os que são honestos à Mensagem, fatalmente sofrem esse upgrade no peso de suas lutas e responsabilidades enquanto mensageiros amantes da Mensagem. Os que nenhum peso mais sente, e pelo contrário, muitas vezes alimentam essa adoração maciça, ou essa “submissão” desprovida de razão e consciência própria, tão cego ou mais, que seus discípulos, estão.

“Este é o meu Filho, o meu Eleito; a ele ouvi”. Lc 9.35

Ao ver a nuvem da presença de Deus envolvendo-os, os três discípulos presentes na ocasião, Pedro, Tiago e João, ficaram aterrorizados. E quem não ficaria? A poderosa e santa presença de Deus nos descobre totalmente. Tornamos à mesma posição de Adão, no Jardim. Nossa loucura é descoberta, é exposta. Porém, embora “Justiça e juízo são a base do (Seu) trono; misericórdia e verdade irão adiante do (Seu) rosto.” Sl 89.14. Aleluia!!! Ele nos descobre da nossa prostituição espiritual, para nos cobrir com a sua misericórdia e verdade:

“Este é o meu Filho, o meu Eleito; a ele ouvi”.
“Este é o meu Filho, o meu Eleito; a ele ouvi”.
“Este é o meu Filho, o meu Eleito; a ele ouvi!”.