domingo, 25 de abril de 2010

Deus pode nos fazer avançar em Santidade

E todos nós, que com a face descoberta contemplamos a glória do Senhor, segundo a sua imagem estamos sendo transformados com glória cada vez maior, a qual vem do Senhor, que é o Espírito. 2Co 3.18

Portanto, assim como vocês receberam Cristo Jesus, o Senhor, continuem a viver nele, enraizados e edificados nele, firmados na fé, como foram ensinados, transbordando de gratidão. Cl 2.6-7

Amados, visto que temos essas promessas, purifiquemo-nos de tudo o que contamina o corpo e o espírito, aperfeiçoando a santidade no temor de Deus. 2Co 7.1

Esforcem-se para viver em paz com todos e para serem santos; sem santidade ninguém verá o Senhor.
Hb 12.14

Ao pé da letra, ser santo é ser separado. E biblicamente falando, ser santo é ser separado por e/ou para Deus. A separação de Deus é a conseqüência direta da presença do pecado. Portanto, a santificação é o processo de eliminação desse impedimento. O primeiro passo desse processo é judicial. É a chamada "santificação posicional". Quando o crente é definitivamente liberto da condenação eterna, por meio da morte expiatória de Jesus Cristo (Hb 10.10; 1Co 1.2; 6.11), tornando-se assim, "herdeiro da justiça por meio da fé" (Hb 11.7; Ef 2.8). O segundo momento do processo de santificação é chamado de "santificação prática", que é a projeção externa da nova posição do crente. Neste momento, todo filho autêntico é convocado a manifestar os resultados da transformação que o Pai está efetuado nele por meio do Espírito Santo. A atitude do filho de andar conforme o Pai resultará em maior identificação com o Pai a cada dia, isto é, resultará em maior predisposição e inclinação para a justiça, ou para uma vida de amor prático, à semelhança de Jesus (Cl 3.8-10; Hb 12.10). O terceiro e último estágio é chamado de "glorificação", quando seremos completamente transformados à semelhança do Senhor Jesus, na sua vinda. Somente com a glorificação o crente experimentará a santificação plena, quando então a tentação não mais existirá, nem a susceptividade ao pecado. (Ef 5.25-27; 1Jo 3.2; 1Co 15.51-53).
A santificação é um trabalho de Deus, mas também é uma escolha nossa. Somos ativos no processo, visto que podemos nos aplicar ao trabalho do Senhor em nós, ou podemos ser negligentes a ele. Paulo escrevendo aos Romanos, no capítulo 12 verso primeiro, os instrui a se "oferecerem" a Deus como sacrifício vivo, santo e agradável. Em outras palavras, Paulo instruía aos crentes a se submeterem voluntariamente aos processos de Deus para a vida deles. No verso seguinte ele ensina como essa entrega se configura, na prática: "Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus".
Em resumo, Deus por meio do Espírito Santo é quem executa a santificação nos crentes. Mas esse processo se dá em nós através do exercício da fé. E o termo "exercício" não é casual! Tiago em sua carta diz que "a fé, por si só, se não for acompanhada de obras, está morta" (Tg 2.17). Portanto, assim como em um momento específico recebemos Jesus por meio da fé, em fé devemos andar nele (Cl 2.6-7). E isso implica em andar em oração (Lc 18.1; Mt 6.5-13; Tg 5.16), em leitura e estudo da Palavra (Mt 4.4; Jo 8.31; Jo 17.17; Rm 10.17), e na comunhão com os santos, a Igreja de Jesus Cristo (Mt 16.18; 1Co 1.1-2; Ef 4.1-13; Hb 10.25).

segunda-feira, 12 de abril de 2010

O meu prazer, e o meu sustento.

No verão de 2005 (verão escocês, inverno no Brasil), já havia um ano que eu estava morando na Escócia. Eu estava como voluntário no projeto TentMakers, de Leith Batist Church, em Edimburgo, e precisa trabalhar para me manter. Porém, as leis britânicas só permitiam que estrangeiro com visto de estudante trabalhasse quatro horas/dia, o que era insuficiente para o suprimento das nossas necessidades. No entanto, era permitido que o estudante aproveitasse os períodos de férias, inclusive as férias de verão, o maior período do ano, para trabalhar tanto quanto lhe fosse possível. E nós buscamos aproveitar essa chance. A liderança do projeto sempre foi muito gentil, e nos ajudava a conciliar as atividades evangelísticas, e etc., com o tempo de trabalho extra, de modo que pudéssemos juntar alguma grana pra passarmos o ano seguinte, até as próximas férias, sem tanto sufoco. Eu saía cedo de casa, e geralmente voltava à noite. Trabalhava numa empresa de limpeza que prestava serviços para a prefeitura da cidade. No período regular eu era responsável pela limpeza de todo um andar da Portobello High school, a maior escola de Edimburgo. Todo o serviço tinha que ser feito em quatro horas, o que era um grande desafio diário pra apenas uma pessoa. Nas férias, nós éramos deslocados para outras escolas ou escritórios que não haviam sido tão bem cuidados durante o período letivo, ou para a limpeza de escadas dos prédios habitacionais da cidade, em todos os bairros. Nas escadas, geralmente ficávamos em três pessoas. A primeira descia varrendo, a segunda lançando um líquido detergente com uma espécie de bomba, e a terceira pessoa passava mopp. Os prédios tinham de um a cinco andares, e nós fazíamos dezenas por dia. O dinheiro pra alimentação era pouco, por isso, geralmente comíamos sanduiches de patê de sardinha que levávamos de casa e algum iogurte, claro, sempre dos mais baratos. O trabalho em si era digno, como todo trabalho o é. Mas alguns detalhes o tornava até humilhante. Éramos obrigados a fumar o dia inteiros durante o tempo em que estivéssemos na van, as às vezes, enquanto subíamos e descíamos limpando as escadas. Os palavrões e algumas conversas também nos faziam contorcer o espírito dentro em nós, sem falar das vezes que tivemos que fazer o trabalho sozinhos, enquanto colegas nativos descansavam. Antes do término daquele mês de “férias”, nós estávamos completamente esgotados. Física e emocionalmente. Todo o corpo doía, e volta e meia alguém aparecia com coriza, ou espirrando, denunciando o desgaste físico. No final de um dia, já quando esse período de férias se encerrava, nós recebemos uma ligação dizendo que deveríamos nos deslocar para um determinado lugar para fazemos três prédios que outra equipe havia deixado para trás. Nós estávamos acabados! Quase choramos quando recebemos o recado. Não restava mais força alguma. E eu me lembro que quando eu desci da van e coloquei minhas mãos sobre os instrumentos, pensei: “Senhor, eu preciso que você faça alguma coisa. Por favor, eu não sei o que. Mas faça alguma coisa, porque eu não agüento mais!” Imediatamente, o Espírito Santo começou a sussurrar no meu coração:

Quando os sonhos se frustram
Ou parecem não se realizar
Quando as forças se acabam
Tudo o que eu sei é Te adorar

Tua presença me aquieta a alma
E me faz ninar
Como um bebê que não precisa se preocupar
A minha vida escondida em tuas mãos está
Oh, meu Deus! Em Ti eu posso descansar

A esperança renasce
E a certeza de que perto estás
Tua paz me invade
Pois tudo o que sei é Te adorar
É Te adorar


Eu cantarolei com ele, em meus pensamentos. E quando me dei conta, já estava de volta à van. O trabalho já havia sido feito, e eu nem tinha percebido. As dores pareciam que não estavam mais ali, embora elas estivessem. É difícil explicar o que aconteceu, mas de alguma forma, uma manifestação impar da presença do Espírito Santo me consolou, me fortaleceu, e me trouxe esperança, me fazendo descansar mesmo quando, quase que literalmente, eu ainda carregava pedras. Eu posso dizer de fato, que Sua presença não é apenas o meu prazer, ela também é o meu sustento.

"Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de ti que trabalha para aquele que nele espera." (Isaías 64:4)

Obrigado, Senhor!