sábado, 24 de outubro de 2009

Sobrenatural

Enquanto desciam do monte, Jesus lhes ordenou que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do homem tivesse ressuscitado dos mortos. Eles guardaram o assunto apenas entre si, discutindo o que significaria "ressuscitar dos mortos". E lhe perguntaram: "Por que os mestres da lei dizem que é necessário que Elias venha primeiro?" Mc 9.9-11

Certa ocasião três discípulos mais chegados são convidados a uma partícula maior de intimidade com o mestre. Eles chegam aonde outros não chegaram. Vêem o que outros não viram. Talvez o mestre quisesse que esses seus companheiros tivessem o privilégio de trabalhar com maior afinco e propriedade, uma vez conhecendo aspectos mais significativos de sua pessoa e de sua causa. Ou talvez isso refletisse ainda sua necessidade em compartilhar, em andar mais junto de pelo menos alguns dos que juntos dele estavam. Os três amigos, no entanto, de tão surpreendidos por alguns aspectos desta intimidade, desviam sua visão do alvo inicial, ao invés de aprimorá-la! Os supostos mistérios os maravilham ao ponto de se fazerem confusos quanto ao elementar.
Este é o estado de Pedro, Tiago e João, ao desceram do monte, depois de presenciarem a transfiguração de Jesus. Daí surge a questão: “Por que dizem os escribas ser necessário que Elias venha primeiro?” Por que essa necessidade de arrumar a casa? Por que essa necessidade de desenvolvimento de consciência? Por que tanta teologia? Tanta falação? Apenas exponha o povo a essas experiências! Levem-nos a ver o que vimos... A experimentar o que experimentamos... Faça o povo sentir!!!
Porém, pessoas não vivem apenas de emoção, palavras de animo e motivação. Não é que as experiências, a emoção, etc., não tenham sua importância. Claro que tem! Mas elas só são ferramentas num processo de construção de uma consciência de vida cristã. Nos momentos mais contraditórios da vida, as palavras tipo auto-ajuda se queimarão como palha! Nós precisamos de conteúdo. Nossas experiências precisam ser confrontadas com a Palavra de Deus. Esta precisa guiar-nos no julgamento e compreensão daquelas.
Jesus já sabia do que lhe ia acontecer, mas no evangelho de Lucas, ao ser descrito o episódio da transfiguração, o escritor ressalta que Moisés e Elias falavam com ele sobre a sua partida, que aconteceria dali a poucos dias. Me parece que essa é a razão para as experiências, especialmente as de cunho sobrenatural. É enfatizar a compreensão da revelação já existente. O que havia de ser revelado, já foi! Ninguém recebe novas revelações. Antes, os nossos olhos se abrem, a nossa compreensão é expandida, quanto ao entendimento de certos aspectos da revelação, até então, despercebidos por nós! E as nossas experiências são como elementos desse laboratório relacional. Elas não são o fim, nem podem ser nossa força motora.
Àqueles três discípulos, competiu-lhes apenas compartilhar, depois da ressurreição, sobre tudo o que haviam visto e aprendido, com a finalidade de desenvolvimento e fortalecimento da fé dos outros discípulos, a respeito de quem era Jesus, e de como a lei e os profetas, de fato, testemunhavam dele.
Lamentavelmente a nossa vida anda tão vazia de conteúdo – e não por culpa de Deus, é claro! – que temos nos tornado cada vez mais místicos, emocionais, e dependentes de supostas “novas revelações”! Muitos dos que estão entre nós, estão apenas porque amam esses ventos estranhos e suas mirabolantes promessas de curas e prosperidade... Outros, no entanto, são vítimas, enquanto roubadas em suas consciências, mas também culpadas por não exercerem o sacerdócio sobre suas próprias vidas, como filhos de Deus e templo do Espírito Santo, que são.
Bem, a todos nós fica o direcionamento do escritor aos hebreus, no verso nono do capítulo 13:

"Não vos deixeis levar em redor por doutrinas várias e estranhas, porque bom é que o coração se fortifique com graça, e não com alimentos que de nada aproveitaram aos que a eles se entregaram."

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Uma lição de graça

“Quando Davi chegou aos duzentos homens que, de cansados que estavam, não tinham podido segui-los, e que foram obrigados a ficar ao pé do ribeiro de Besor, estes saíram ao encontro de Davi e do povo que com ele vinha; e Davi, aproximando-se deles, os saudou em paz. Então todos os malvados e perversos, dentre os homens que tinham ido com Davi, disseram: Visto que não foram conosco, nada lhes daremos do despojo que recobramos, senão a cada um sua mulher e seus filhos, para que os levem e se retirem. Mas Davi disse: Não fareis assim, meus irmãos, com o que nos deu o Senhor, que nos guardou e entregou nas nossas mãos a tropa que vinha contra nós. E quem vos daria ouvidos nisso? pois qual é a parte dos que desceram à batalha, tal será também a parte dos que ficaram com a bagagem; receberão partes iguais. E assim foi daquele dia em diante, ficando estabelecido por estatuto e direito em Israel até o dia de hoje.” (ISm 30.21-25).

Na Igreja, o Senhor distribui dons segundo sua própria vontade, para a glorificação de si mesmo nela, e por meio dela. Todos, na Igreja, são alvejados por dons. Ninguém tem todos; ou nenhum. Mas todos são apenas servos, enriquecidos pelo Senhor com ferramentas para o serviço do corpo. Ninguém é mais do que isso. Não importa qual, ou quais sejam seus dons, ou capacitações. Esse é mais um aspecto da graça que confronta nosso cristianismo.
Na concepção de Davi, aqueles que desceram aos amalequitas e guerrearam, recobrando suas famílias e bens, não eram mais merecedores do que aqueles que cansados, ficaram no caminho cuidando da bagagem de todos. Na verdade, Davi entendia que o que guerreou, o fez por causa do Senhor. Bem como, aqueles que se ocuparam apenas de guardar a bagagem no caminho, o fizeram por causa do Senhor (...Davi disse: Não fareis assim, meus irmãos, com o que nos deu o Senhor, que nos guardou e entregou nas nossas mãos a tropa que vinha contra nós.). Sendo assim, ninguém, de fato, era merecedor de nada! Todos receberam igualmente dos despojos, porque tudo era resultado da graça divina!
Somos todos igualmente indignos, não importa quais dons tenhamos. Mas temos todos um mesmo Espírito, que nos presenteia segundo seu próprio querer, para que sirvamos uns aos outros – e tomara – entendendo que os nossos supostos méritos ou privilégios deveriam se resumir apenas no privilégio de servirmos ao Senhor, servindo uns aos outros.
Somos todos igualmente indignos, e igualmente alcançados e sustentados pela graça do bom Senhor. E Davi sabia disso!

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Para o bem, ou para o mal!

Por que se enfurecem os gentios e os povos imaginam coisas vãs? Os reis da terra se levantam, e os príncipes conspiram contra o Senhor e contra o seu Ungido, dizendo: “Rompamos e seus laços e sacudamos de nós as suas algemas”. Ri-se aquele que habita nos céus; o Senhor zomba deles. Agora, pois, ó reis, sede prudentes; deixai-vos advertir, juízes da terra. Servi ao Senhor com temor e alegrai-vos nele com tremor. Beijai o Filho para que se não irrite, e não pereçais no caminho; porque dentro em pouco se lhe inflamará a ira.
Bem-aventurados todos os que nele se refugiam. Salmos 2:1-4, 10-12

Tolo é o homem em pensar ser livre! Porque limitada será sempre a liberdade de quem limitado é! Apenas Deus é livre. O Altíssimo. Soberano Senhor. A única fonte de toda sabedoria. De todo amor. De todo o bem.
Nós... seremos sempre seus servos. Para o bem, ou para o mal!
A nós... restará sempre essa escolha... manifestaremos Sua glória em nós através do Seu juízo sobre nós mesmos, ou da Sua justiça executada em Jesus por amor de todos os homens?
Bem-aventurados todos os que nele se refugiam.
Bem-aventurados os que põem no Senhor a sua confiança e não pendem para os arrogantes, nem para os afeiçoados à mentira.

Ó Deus, tu és o meu Deus forte; eu te busco ansiosamente; a minha alma tem sede de ti; meu corpo te almeja, como terra árida, exausta, sem água. Salmos 63.1