domingo, 1 de novembro de 2009

Mais que uma aceitação, uma conversão!

“E Jesus, passando adiante dali, viu assentado na recebedoria um homem, chamado Mateus, e disse-lhe: Segue-me. E ele, levantando-se, o seguiu. E aconteceu que, estando ele em casa sentado à mesa, chegaram muitos publicanos e pecadores, e sentaram-se juntamente com Jesus e seus discípulos. E os fariseus, vendo isto, disseram aos seus discípulos: Por que come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores? Jesus, porém, ouvindo, disse-lhes: Não necessitam de médico os sãos, mas, sim, os doentes. Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício. Porque eu não vim a chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento.” Mateus 9.9-13


Vivemos em tantas correrias, com tantas atividades que nos sugam tanto, as energias e o tempo, que mal conseguimos pensar em outras coisas que não as nossas próprias, os nossos compromissos, os nossos cursos, estudos, namoros, casamentos, negócios, nossas carreiras, etc. A verdade, é que estamos cada vez mais egocêntricos. Cada vez mais nos sentindo obrigados a nos concentrarmos em nós mesmos, e consequentemente, menos no próximo, ou em Deus, ou seja lá no que for. Mesmo nós, os chamados “cristinhos, ou pequenos cristos”, já que é essa a melhor idéia de definição do termo cristão! As nossas igrejas estão cada vez mais cheias. As nossas reuniões, cada vez mais configuradas por atrativos repletos de informação, inovação, distração e recursos motivacionais. É muito comum ver e ouvir pessoas dizendo o quanto gostam de ir “àquela igreja”, no final de semana, porque elas conseguem obter uma “recarga em suas pilhas” para enfrentar mais uma semana com mais correria, compromissos, cursos, negócios, transito... e a vida passa a encontrar seu sentido de ser, apenas nisso, na correria tresloucada, partindo sempre de uma insatisfação profunda para outra mais profunda ainda. E nós, mesmo nós, os “pequenos cristos”, estamos cada vez mais egocêntricos e indiferentes, cada vez mais descompromissados, cada vez aceitando mais, a idéia de uma vida religiosa – pelo menos nos finais de semana – em lugar de uma vida de seguidor-imitador do Cristo de Deus.
Mateus, o personagem do texto acima, era como a maioria de nós. Um trabalhador dedicado. Tão dedicado, que era até desprezado pelos seus, por sua tamanha dedicação. Ele trabalhava como coletor de impostos dos judeus, para Roma, embora fosse ele também um judeu. Mateus era o que se chamava de publicano, termo usado para um judeu funcionário do Império Romano, que era um governo estranho, autoritário, um invasor. Mateus era um traidor do seu próprio povo. Era um Judas, por assim dizer. Era cúmplice de Roma, na cobrança de altíssimos impostos do seu próprio povo, sendo que, de parte desses impostos ele se beneficiava, passando uma boa parcela do montante a ele pertencer. Como publicano, ele era renegado pelos seus. Era um indesejado. E Mateus tinha tanta consciência disso, que passou a ser chamado de Mateus, que é um nome grego que usava no lugar do seu verdadeiro nome, Levi, um nome judeu (Mc 2.14; Lc 5.27-28). Levi havia perdido sua identidade. Sua parte agora era com os pecadores. Aqueles... os considerados impuros, os gentios, os ladrões, as prostitutas, etc. Levi agora era um Mateus da vida!
Mas um dia Mateus encontrou, ou melhor, foi encontrado por Jesus, e nunca mais foi o mesmo! O texto sagrado diz que Mateus estava sentado na coletoria de impostos, quando Jesus, passando, o viu e o chamou, e ele, imediatamente, deixou tudo, como frisou Lucas, no verso vigésimo oitavo do quinto capítulo, e o seguiu. Eis a primeira prova da conversão de Mateus. Só alguém que tem uma experiência transcendente consegue fazer esse juízo de valor a respeito de si mesmo, da sua vida, e do novo pelo qual se viu alvejado. Eu creio que Mateus já era um sedento. Ele sabia que algo lhe faltava. Ele tinha dinheiro, mas isso não bastava. Ele nunca fora convidado por um rabino, antes! Ora, ele era um publicano! Ele não era nem visto! Mas naquele “Happy Day”, passando Jesus, o viu, e o convidou dizendo “segui-me”, e ele prontamente o fez.
A continuação do texto me impressiona ainda mais. Mateus não apenas assumiu, a custo de tudo, o compromisso de seguir a Jesus, como também se desprendeu de todo egoísmo no qual estava atolado. O povo vivia sob o pesado jugo de Roma, pagando exorbitantes impostos, e Mateus viabilizada essa injustiça com o seu trabalho, porque nada mais lhe importava, senão o seu próprio bem-estar, seu lucro, o seu enriquecimento, fosse ele justo ou injusto. Mas quando Mateus ouviu a voz do Mestre, o seu interior sofreu uma revolução. Ele não apenas aceitou ir com o Mestre, mas também se converteu aos seus ensinos e coração. Mateus aprendeu a compartilhar. E a sua primeira iniciativa registrada foi a de oferecer o que Lucas chamou de “um grande banquete” (Lc 5.29) em sua casa. Ele não poderia conter aquilo só para ele! Ele desejou compartilhar com todos os outros pecadores! Todos! A sua família, os outros inúmeros publicanos e impuros... Todos deveriam ter a chance de ouvir o que ele havia ouvido... De experimentar tão transformadora verdade. E enquanto os fariseus, que eram zelosos da religião judaica, continuavam julgando, questionando Jesus por assentar-se com os publicanos e pescadores, estes, estavam se permitindo ser transformados, e exatamente porque reconheciam quem eles mesmos eram.
Este é o nosso primeiro desafio. Reconhecer que não passamos de pessoas adoecidas pelo pecado do egoísmo, do amor à religião conveniente, da indiferença para com Deus e, por conseguinte, para com o próximo. É crucial que ouçamos a voz do Senhor nos chamando a segui-lo. Que entendamos que segui-lo implica em deixar tudo que nos embaraça a esta vida. Segui-lo implica não em querer que ele ande conosco, mas em andar com ele. Segui-lo é amar. E amar é servir, das mais variadas formas possíveis, inclusive, compartilhando com os outros, da maravilhosa voz que nos diz a todos: “Segue-me”.

Um comentário:

  1. E Deus testifica a mim, através deste texto!

    Misericórdia pelo meu egoísmo, e graças a Deus por estar me fazendo ver isso, e ainda me falando como vou conseguir abandona-lo!!

    Paz Lucas... Deus continue abençoando!
    Ananda T.B.

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