quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Ponto de Cultura

Ontem à noite fui ao Itaú Cultural, na Paulista, para o lançamento do livro Ponto de Cultura: O Brasil de Baixo para Cima, de Célio Turino, secretário de Cidadania Cultural do Ministério da Cultura (MinC). Célio, como ele mesmo se apresente no livro, é brasileiro, porque gosta “de não ter uma cara definida, os mil povos em um”; é radical, porque procura “desvelar o Brasil e assumir o risco de preparar o solo para acomodar outros tipos de raízes, que façam brotar um país como nunca se viu”; é utópico, porque sonha “com uma sociedade superior e sem que isso pressuponha modelos ou medidas pré-concebidas”; e comunista, porque procura “o Bem Comum e a partilha”. O evento contou com a presença de músicos amigos e duas companhias de Maracatu. Mas a atração principal mesmo, foi a fala do próprio Célio e sua emocionada leitura de alguns pontos do livro. Foi apaixonante ver sua paixão por gente, sua emoção em citar mazelas por ele vistas Brasil a fora, e sobre tudo, sua alegria e fascínio em comentar alguns pontos de cultura que se traduzem como agencias de transformação, tirando crianças e jovens das drogas, da violência, e gente de bem da fome e da falta de dignidade enquanto gente. Eu sou evangélico, e minha visão a respeito de missões vai além da busca pela “alma” do homem, sem considerar sua cultura, seu meio, suas necessidades físicas, mas também não se restringe à Teologia da Libertação, a visão católica de transformação do homem apenas por meio de transformação social. Missão Integral é a nossa proposta. É a proposta de transformação do homem integral, por meio da vivencia do evangelho integral, uma vez que quando se tenta vivê-lo parcialmente, não é o evangelho que se vive, de fato. Gosto da frase do Ariovaldo Ramos, quando ele diz: "A obra d'agente é o resultado daquilo que agente crê." O Célio tem mostrado no que ele crê, e quem obtiver o seu livro vai poder conferir. Veja este trecho do livro:

“Depois de detalhar o programa Cultura Viva, fiz alguns desenhos, mostrando a interseção de um Ponto com outro. Ele logo disse: “Você estudou tanto para chegar ao desenho do peixe”. “Peixe?”, perguntei. “Sim, o símbolo dos primeiros cristãos, a parte de um círculo cruzando outro”. De fato, tava tudo ali, na minha frente, e eu não havia percebido. A religião dos escravos e do bem comum unira gente com o mesmo objetivo, um ponto completando outro, o se compadecer pelo semelhante, a compaixão, o repartir o pão e a comunhão entre iguais.”

Bem, isso tudo me faz tornar a questionar a mim mesmo, não o evangelho, mas no que eu tenho crido! No que nós temos crido? No que a Igreja tem crido? Quais têm sido as nossas obras? Tiago disse que a fé sem obras é morta, não existe, de fato. É um delírio fanático, ou qualquer outra coisa, mas não é fé! Eu escolhi engolir o meu orgulho cristão, e procurar aprender alguma coisa, para o exercício da fé, com o Célio Turino, porque pra mim, no exercício da sua fé, ele me faz lembrar Cristo, o autor e consumador da minha fé.

Já está na coluna Frases Relevantes, mas nunca é demais repetir:
"Santidade só é santidade quando nos compele ao outro.”
Elias Binja

2 comentários:

  1. Se todos desenvolvessem esta cultura individual, de não pensar individualmente, cada individuo contribuiria para o coletivo.
    Essa é a verdade do evangelho.

    Parabéns mano pelo texto.

    ResponderExcluir