sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Um momento de cada vez – Feliz 2011.

Depois de dois anos na Escócia e quase quatro em São Paulo, eu acabo de voltar para morar novamente na minha cidade natal, Tobias Barreto, no Estado de Sergipe. Enquanto estive na Escócia sentia tanta saudade de minha família e amigos aqui no Brasil, que às vezes parecia doer. De volta ao Brasil, mas morando em São Paulo, sempre senti uma saudade absurda de Edimburgo (a cidade mais linda do mundo!) e de todos os amigos escoceses e brasileiros que tive o privilégio de fazer por lá, além da tremenda falta de minha família e amigos de Sergipe. Hoje, o meu sobrinho, graças a Deus, não larga do meu pé, e a saudade de minha família e amigos de Tobias Barreto já não é mais, pois estamos juntos todo o tempo. Em compensação, a falta que os amigos de São Paulo (a terra do abraço) me faz é, confesso de pé junto, indizível – além da saudade recolhida que sinto pelos da Escócia. A gente não pode mesmo ter tudo, e nem a todos, especialmente ao mesmo tempo. Mas a gente pode trazer momentos vividos como riquezas adquiridas e sobretudo, a gente pode viver cada momento presente como o maior presente que poderíamos receber. Na tradução do episódio da morte e ressurreição de Lázaro, feita por João, se pode notar que Jesus tinha plena ciência, desde o momento em que foi avisado que seu amigo Lázaro estava doente, da ressurreição dele.

“Ao ouvir isso, Jesus disse: “Essa doença não acabará em morte; é para a glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por meio dela””. João 11.4

“Então [Jesus] lhes disse claramente: “Lázaro morreu””. João 11.14

Mas nos versos 33 a 36 constatamos a comoção de Jesus diante da morte do amigo Lázaro e da dor de sua família e próximos:

“Ao ver chorando Maria e os judeus que a acompanhavam, Jesus agitou-se no espírito e perturbou-se. “Onde o colocaram?”, perguntou ele. “Vem e vê, Senhor”, responderam eles. Jesus chorou. Então os judeus disseram: “Vejam como ele o amava!””

A pergunta que me surge é: Por que Jesus chorou, se ele sabia do propósito daquela morte? A resposta que me vem é: Porque ele vivia um momento de cada vez. Porque naquele momento ele tinha um amigo morto, uma família enlutada e extremamente entristecida. Porque aquele era um momento de dor. E a dor faz parte da vida. E as lágrimas são a forma mais realista de vivenciar esse aspecto não inerente à humanidade. É disso que fala Eclesiastes 3.4: “tempo de chorar e tempo de rir, tempo de prantear e tempo de dançar”. Cada momento tem seu próprio valor, sua própria beleza, alegria, saudade, dor, e etc. E a vida é feita deles. Às vezes perdemos tanto, porque nos preocupamos em demasia com o que não temos ou gostaríamos de ter, que não somos capazes de nos alegrarmos com o que temos hoje, neste exato momento, ao redor de nós! É como escreveu Ed René Kivitz, em Vivendo com Propósitos: “A vida faz sentido quando conseguimos extrair o sentido de cada momento, cada kairós, cada dia.”
Se andamos ansiosos demais pelo que não temos, ou pelo que desejamos ter e ainda não temos, espero que neste momento de virada de ano, possamos usufruir da disposta graça de olharmos para a família, ou amigos, ou conhecidos, ou até para os desconhecidos que temos do lado, e possamos ser gratos por eles. Que essa gratidão traga sentido ao nosso momento. Que o Senhor nos traga à memória a lembrança de que o cristianismo é uma religião de relacionamentos. E que nossas respostas quase sempre serão encontradas por nós quando nós decidirmos compartilhar nossos momentos, para chorarmos com os que choram e nos alegrarmos com os que se alegram.

Feliz 2011!

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